O artista plástico Márcio Prado faz a abertura de seu projeto Desinstalação nesta quarta-feira (18), às 18 horas no Jardim Externo do Museu Oscar Niemeyer (MON). Na ocasião ele vai apresentar a exposição Da Materialidade ao Vazio que consiste na montagem de um cubo (com medidas de 2,0 x 2,0 x 2,0 metros) formado por 4096 cubos maciços de cerâmica refratária, sendo que cada unidade foi recoberta com um esmalte cerâmico específico que, após seis semanas, será fragmentado em 64 partes, gerando módulos de 64 unidades. Estes módulos serão deslocados gradualmente para espaços públicos e privados na cidade de Curitiba.
Márcio conta que a proposta artística da sua desinstalação pretende estabelecer uma proposição onde Matéria e Vazio sustentam um discurso artístico. Uma segunda questão é considerar a unidade como absolutamente suficiente. Montar e desmontar o meu trabalho tem sido uma prática recorrente desde 2004, ano em que expus no 16º Salão Paranaense de Cerâmica Consciente In-consciente Totale. Trabalhos que já traziam a temática do cubo de cerâmica maciço organizados por intervalos. Esta ideia de matéria e espaço envolvente começava a direcionar o meu trabalho. O verbo montar pode engendrar no seu reverso o desmontar.
O título Da materialidade ao vazio tem correspondência imediata com a exposição Cheio e Vazio, apresentada pelo artista em 2008 no Memorial de Curitiba. Naquela ocasião tornava-se evidente para mim o quanto a matéria amalgamava o direcionamento daquele trabalho. Matéria e Vazio comportavam-se como acontecimentos que o sustentavam. Para ele pensar em desinstalar é pensar em desconstruir. No entanto, prefiro aguardar o ‘tempo’ deste trabalho para assumir um posicionamento.
O artista comenta que os pequenos cubos maciços de cerâmica refratária que compõem a obra, além de terem sido produzidos pela indústria, serviram à própria indústria. Foram adquiridos do desmanche de um forno industrial. Coincidência ou não parece que o destino deles está em servirem a um propósito para depois partirem. Sobre o processo de pesquisa em esmaltes cerâmicos, ele diz que é bastante amplo. Não podemos tratá-lo somente como cor. A reação química dos componentes do esmalte e da massa cerâmica são os fatores determinantes para o resultado. Tendemos às cores queimadas, pois trabalhamos praticamente em uma faixa de alta temperatura, ou seja, acima de 1200ºC. A cor é fundamental para reafirmar a diferença e a presença da unidade.
Após seis semanas de exposição o cubo será fragmentado em 64 partes, gerando módulos de 64 unidades. Estes módulos serão deslocados gradualmente para espaços públicos e privados na cidade de Curitiba. O artista faz segredo. Estes espaços mesmo que confirmados serão revelados somente após o deslocamento. Os espaços que pretendo deslocar os módulos são de duas naturezas: instituições de representatividade no coletivo, ou seja, que estabelecem um diálogo consideravelmente penetrante na sociedade; e, espaços que considero de enclausuramento, onde os indivíduos ali presentes encontram-se separados da sociedade. A proposta é interferir na dinâmica destes espaços com a presença dos módulos.
Márcio Prado explica que ao término do último deslocamento será instalada uma nova peça, com as mesmas medidas composta por duas lâminas de vidro, uma transparente e a outra espelhada nas duas faces, colocadas em ângulo de 90º sob o solo de areia que sustentava o peso de aproximadamente 16 toneladas do cubo que será desinstalado. É imediata a minha relação do vidro e do espelho com o vidrado aplicado nos cubos refratários; é quase como a permanência da memória de uma antiga vestimenta. No entanto, o espelho tem um aspecto analítico de passagem, de abertura para outro lugar, finaliza.
O ARTISTA – Márcio Montoril Prado (São Paulo, 1970) é formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estadual de Londrina, Londrina (1996). Atualmente conclui a pós-graduação em História da Arte Moderna e Contemporânea na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, Curitiba.
Estudou desenho gráfico no Centro de Formación Aplicada – Punta Fina, Madri (1997-1998). Atuou como designer gráfico e roteirista de CD-ROM, Rio de Janeiro (1998-1999).
Radicado em Curitiba desde 2000, quando iniciou seu trabalho de pesquisa em cerâmica e escultura no Atelier de Escultura da Fundação Cultural de Curitiba – Parque São Lourenço.
Atualmente desenvolve seu trabalho em atelier próprio e no Atelier de Escultura da Fundação Cultural de Curitiba.
SERVIÇO
Local: Jardim Externo do Museu Oscar Niemeyer
Endereço: Rua Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico
Data e horário: 18 de maio (quarta-feira), às 18h
Preço: Entrada gratuita