Design de interiores como Meio de Arte na Alemanha

Mostra reúne 25 artistas alemães contemporâneos que investigam e refletem sobre a relação entre belas-artes e design aplicado

Redação Bem Paraná

A exposição apresenta o pensamento de vanguarda que tem se desenvolvido na Alemanha atual. A mostra reúne 25 artistas alemães contemporâneos que investigam e refletem sobre a relação entre belas-artes e design aplicado, na arquitetura urbana, em mobiliários e em objetos de uso cotidiano, como sofás, mesas, luminárias e cadeiras. Ao mesmo tempo em que promovem aparentes aproximações, estabelecem demarcações entre os diversos campos criativos relacionados –artes visuais, design, teatro,  vídeo, fotografia, música e outros.

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A partir de diferentes posições e atuações, os artistas se utilizam da temática do espaço para promover a re-interpretação cênica de situações, aparentemente, já condicionadas. Eles transportam elementos da realidade do dia-a-dia para a ficção, a afirma a curadora Renate Goldmann. Um sofá, por exemplo, restrito superficialmente à sua função aparente, é só um sofá. Mas e, se esse mesmo sofá ganhar outras referências, fora de seu domínio funcional? Ou ainda o característico M do Mac Donald’s, que identifica a marca, se utilizado em outra função que mensagem ou imagem transmitiria? São artistas dos anos 1990, que trabalham com a estética relacional, onde o conceito de arte se dissolve, é a diluição dos conceitos.    

Obras e catálogo

Com essa proposta foram reunidas 22 obras para esta exibição, entre objetos individuais, esculturas, instalações, vídeos e inserções específicas no catálogo, alguns artistas só tem sua criação impressa na publicação relativa à mostra. Renate explica que, em muitos casos, os objetos remetem aos espaços interiores para os quais foram criados e que formam elos entre aspectos da história contemporânea e da biografia e estética crítica do próprio artista. A exposição, já exibida por 12 vezes no exterior, é promovida pelo Instituto de Relações Exteriores do Governo da Alemanha (Ifa – Institut für Auslands – beziehungen e.V.), com o apoio do Goethe – Institut Curitiba, do Governo do Estado, da Secretaria de Estado da Cultura e da Caixa Econômica Federal.

Muitos dos artistas participantes produziram trabalhos especialmente para a exposição Come-In, que se focaliza em dois tipos de objetos: aqueles que tratam do fenômeno da memória pessoal e coletiva na tradição da escultura e/ou da arte de instalação e aqueles que assumem uma forma definitiva apenas por meio de seu funcionamento comunicativo, ou seja, de seu uso prático. O catálogo contém documentação detalhada das mostras individuais, com contribuições de Frank Boehm, Diedrich Diederichsen, Holger Liebs, Martin Pesch, Annete Tietenberg e dos curadores Volker Albus e Renate Goldmann. Todos examinam os efeitos das influências relacionadas ao interior no mundo do design, da cultura pop e da arquitetura moderna. Os autores explicam o significado mais amplo do termo mobiliário ou mobília, e enfatizam a relevância dos mundos do meio mobília dentro do discurso artístico contemporâneo.

Conceitos

Embora, de maneira geral tenha partido dos designers a idéia de tentar enriquecer seus trabalhos com elementos das belas-artes, adicionando conteúdo narrativo, referências ritualistas e simbolismos em seus trabalhos, hoje, a ligação da arte com o design também parece ter sido revitalizada por artistas das belas-artes. Ainda assim, seria impossível classificar objetos de mobília e interiores como sendo arte aplicada, devido a sua não-ambígua aparência de móvel, luminária ou interior.

Definidos esses conceitos, artistas e curadores lançam diversos questionamentos afins. O que caracteriza essas criações como trabalhos de arte, o que se opõe a que elas sejam colocadas no mundo do design? Primeiramente, o que nos faz ficar incertos quanto a isso? O que se torna aparente por trás e além da nossa rústica compreensão de mobília? E em que pensamos quando reconhecemos aquilo que é oferecido exatamente pelo que é: um cenário oculto?

Para a curadoria, é claro que todos esses trabalhos têm um objetivo claro, que é sua designação básica para o espaço do mobiliário público ou privado, ainda que ao mesmo tempo esses movíveis resistam a serem meramente possuídos e apropriados quando neles sentamos, os mudamos de lugar ou quando vivemos neles. Pode-se facilmente usar esses objetos como banco, sofá, mesa ou paisagem doméstica, mas seu design nos priva de ver o significado meramente a partir de uma perspectiva utilitarista. Eles possuem dimensões específicas em relação a processos perceptivos, para a comunicação situacional ou comunicativa e de imagem.

Essa parece ser a real força diretiva por trás dos trabalhos de mobiliário. Os objetos são mais do que uma idéia, um design, uma recriação cênica de uma situação condicionada por uma determinada decoração interior ou por elementos arquitetônicos. Em contrapartida, o design desses movíveis – que são as peças de design no sentido popular – é reduzido a uma função superficial imediatamente óbvia, à força de um vocabulário de sedução estabelecido, que serve a convenções específicas.

Serviço:
Come-in – Design de interiores como Meio de Arte Contemporânea na Alemanha                
Realização: Instituto de Relações Exteriores do Governo da Alemanha (Ifa – Institut für Auslands – beziehungen e.V.) e Goethe – Institut Curitiba
Apoios: Governo do Paraná, Secretaria de Estado da Cultura e Caixa Econômica Federal
Visitação: de 06 de maio a 19 de setembro 2010
Museu Oscar Niemeyer
Rua Marechal Hermes, 999
Aberto de terça a domingo, das 10h às 18h
R$ 4,00 inteira e R$ 2,00 estudantes, com carteirinha
Gratuito para grupos agendados da rede pública, do ensino médio e fundamental, para estudantes até 12 anos, maiores de 60 anos e no primeiro domingo de cada mês.