Hábitos e costumes de descendentes de negros africanos que ainda hoje vivem em comunidades quilombolas, espalhadas por vários estados brasileiros, foram captados pela lente do fotógrafo documentarista André Cypriano, e compõem a mostra “Quilombolas-Tradições e Cultura da Resistência”, que abre em Curitiba. Estas comunidades, cerca de três mil em todo o Brasil, resistem ao tempo e preservam a memória de seus antepassados, perpetuando tradições ancestrais, na culinária, no vestuário, nas danças, nas crenças e na agricultura.
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As imagens em preto e branco integram um documentário realizado em 11 comunidades negras remanescentes dos quilombos. Cafundó (SP), Itamatatiua (MA), Oriximiná (PA), Kalunga (GO), Mocambo (SE), Rio de Contas – Barra do Brumado (BA), Conceição dos Caetanos (CE), Tapuio (PI), Curiaú (AP), Mumbuca (TO) e Campinho da Independência (RJ) estão entre os lugares pesquisados e que deram origem ao livro Quilombolas – Tradições e Cultura da Resistência e às mostras. A exibição é complementada pela apresentação de dois mapas, produzidos por Piero Pucci Falgetano e Diego Pascoal Carneiro Beneditos. A pesquisadora e curadora Denise Camargo também integra o trabalho.
Segundo ela, esse trabalho apresenta um tema “ainda desconhecido para a maioria da população brasileira” e ressalta a importância de discutir a questão dos quilombos no Brasil, “como um espaço de preservação das matrizes africanas ancestrais formadoras da identidade nacional”, conforme declarou ao Fotosite. Denise afirmou ainda que as fotografias “não revelam todos os desafios que envolveram o projeto”. “Não contam as conversas emocionantes que tive com os quilombolas durante a produção da viagem. O André Cypriano, desde que o vi pela primeira vez, mostrando um portfólio na (extinta revista) Irisfoto, dez anos atrás, se mostrou um fotógrafo como poucos. Ele sabe que o que está em jogo em um trabalho como esse, é o relacionamento humano. Essas fotografias falam de um enorme respeito pelo outro, pela cultura brasileira, pelas memórias ancestrais.”