A mostra apresenta 100 desenhos produzidos por Di Cavalcanti entre 1921 e 1964, período próspero de sua criação. As obras espelham temas recorrentes na obra do artista – caricaturas, cenas da vida noturna, carnaval, crítica social, retratos, cenas parisienses, tipos populares, figuras femininas, ilustrações e painéis para cenários de teatro –, além de trazer um pouco do dia-a-dia da época vivida por Di Cavalcanti.

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Sob a curadoria de Fábio Magalhães, é a primeira vez que estas obras, cedidas pelo acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP, circulam pelo país. A mostra já passou pelas cidades de Porto Alegre, Belo Horizonte, Ribeirão Preto, Recife, Belém e Fortaleza, e conta com o patrocínio do BB Seguros.

O modernista Di Cavalcanti

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Mello ou Di Cavalcanti é um dos mais importantes nomes do modernismo brasileiro. Um dos articuladores da Semana da Arte Moderna nasceu no Rio de Janeiro em 6 de setembro de 1897 e faleceu, na mesma cidade, em 26 de outubro de 1976.

O desenho foi atividade ininterrupta na vida do artista. Desde os primeiros traços, em 1914, desenhar ou pintar foi a forma que ele encontrou para estabelecer relações com as pessoas, com a vida, com o seu tempo. Por isso, muitos de seus desenhos foram feitos nos bares, nos prostíbulos e nas ruas.

Artista de traço rápido e econômico, através de suas ilustrações, caricaturas e charges, Di Cavalcanti criticou, de modo bem-humorado, mas com ironia, os valores de uma burguesia urbana (carioca e paulista) que procurava imitar hábitos parisienses. Seu desenho sublinhou as enormes diferenças existentes entre o modo de vida da elite e do povo brasileiro. O olhar sensual, a abordagem cordial, a preferência por tipos mestiços fazem de Di Cavalcanti o “pintor mais brasileiro dos artistas”, como afirmou o crítico Mário Pedrosa.

Foi um extraordinário cronista de seu tempo. Cenas da vida noturna e de boemias, retratos dos amigos, Carnaval, tipos populares, cenas cariocas, prostíbulos são recorrentes na obra de Di Cavalcanti e, claro, a figura feminina – seu tema predileto. “Eles (os artistas) não amam a vida. Amam a arte como um mito. E eu amo, sobretudo, a vida, esta vida que vem como os calores sexuais, de baixo para cima…”, escreveu em carta Di Cavalcanti para Mário de Andrade, em 1930.