MON traz exposição de Demarche

Obras exibidas nesta mostra representam a sua fase recente

Redação Bem Paraná

A exposição apresenta cerca de 60 pinturas, óleo sobre tela, produzidas entre 2006 e 2008 pelo catarinense Josué Demarche (1958), que construiu a maior parte de sua trajetória artística nos Estados Unidos, Europa e Canadá. Por mais de 20 anos, de 1984 a 2006, o artista permaneceu em Toronto. As obras exibidas nesta mostra representam a sua fase recente, dos dois últimos anos, em que voltou a fixar residência em Curitiba, retomando as raízes paranaenses, estabelecidas entre 1978 e 1982.

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“Em 30 anos de pintura, Demarche trilhou um longo caminho até descobrir seu fazer artístico. Foi mergulhando em seu próprio mundo interior que produziu imagens carregadas de pensamentos, histórias e memórias que se revelam em obras indagadoras, para buscar um diálogo com o observador”, afirma a curadora Liliana Cabral. O próprio artista afirma que sua produção propõe ao público uma “reflexão”. Ele utiliza-se de cores saturadas, pinceladas rápidas e fragmentadas, com as quais demonstra suas inquietações. Suas figuras humanas são disformes, “por vezes seus retratos mostram rostos alucinados, olhos esbugalhados, corpos estranhos, espectrais, produzidos por uma escritura emocional”, avalia o professor e crítico de arte Fernando Bini, um profundo conhecedor da obra de Demarche. “Ninguém passa ileso diante de uma tela de Josué Demarche. Suas pinturas são perturbadoras, incomodam, são reveladoras, nos fazem perder o equilíbrio.”

Foi no Paraná que Demarche iniciou-se como pintor. Na primeira fase em quem viveu em Curitiba, o artista freqüentou os ateliês da Casa Alfredo Andersen, onde trabalhou sob a orientação de Luis Carlos Andrade Lima e Alberto Massuda, dois significativos artistas contemporâneos do Estado. Ensinamento que teria influenciado profundamente o trabalho de Demarche.

“É possível que dos ensinamentos de Andrade Lima venha a sua estruturação de composição, a valorização da figura humana e a importância que dá aos planos de fundo do quadro”, complementa o professor Bini. Ele acredita que é provável também que o pintor tenha começado nos cursos de Massuda sua paixão pelos “empastamentos, pelo uso da cor, e o automatismo gestual de origem surrealista”, que ele concluirá com o aprendizado em Toronto junto a artistas como William Ronald, Tom Thomson a Riopelle, que utilizam-se da matéria pictórica com toda a liberdade.