O Museu Oscar Niemeyer abre a mostra inédita no Brasil do artista plástico argentino, Carlos Alonso – Hay que comer, que reúne 50 obras provenientes da Fundación Alon para las Artes. A exposição tem curadoria do colecionador Jacobo Fiterman.

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São pinturas, desenhos, gravuras, serigrafia no conjunto selecionado para esta mostra em Curitiba, onde são apresentados trabalhos produzidos entre 1965 e 1984. Nestas obras, a carne é o eixo central da temática de Alonso. “É a carne como metáfora. Metáfora da Argentina e metáfora rasgada do corpo humano reiteradamente manchado, perfurado, esfolado. A simbiose vaca-homem é signo, alfabeto de uma escritura que recria a trágica história nacional”, afirmou o responsável pela curadoria da mostra exibida na Espanha, no Instituto Valenciano de Arte Moderna, Alberto Giudici.

Para Carlos Alonso, a arte se transformou no lugar onde são fixadas as feridas que a realidade deixa sobre o mundo. Esta série é um testemunho de uma Argentina que estará sempre presente para que seus dramas e seus enganos não se repitam.

Trajetória – a partir da viagem por Madri, Barcelona e Paris, em 1954, Carlos Alonso imprimiu em sua produção a forte influência recebida de Toulouse-Lautrec e, especialmente, de Picasso, até compreender que era preciso encontrar um caminho próprio. Hoje é apontado como um dos representantes mais consagrados e arraigados da tradição plástica da Argentina.

Com diversas premiações e exposições na Europa e América Latina, dois trabalhos merecem ser destacados: em 1957, ganhou o primeiro lugar do concurso para ilustrar a segunda parte do clássico de Miguel de Cervantes, Dom Quixote de La Mancha, tendo sido a primeira parte ilustrada por Salvador Dali; e, em 1969, a exibição dos desenhos para a Divina Comédia, na Art Gallery International.

A exposição desses desenhos foi organizada como um labirinto, no qual se transitava pelo purgatório, pelo inferno e se chegava ao céu, um espaço sem imagens, só com música e a figura de Dante, voando. O trabalho também foi exibido em Roma e Milão, em 1971. De acordo com o crítico Mario de Micheli “a linguagem de Alonso pode parecer de um exorbitante ecletismo, mas seu selo não falta jamais, seu signo está sempre ativo para dar coerência e coesão e fazer a imagem rápida e cortante. A obra de Alonso com sua energia, com seu rechaço de toda neutralidade estética, que reconhecemos envolvido na mesma matéria de nossas preocupações”.

Em 1971, o artista argentino aderiu ao movimento chamado Novo Realismo Italiano, sobre o qual o próprio Alonso declarou: “O Novo Realismo é uma arte politizada. Seu enunciado franco e direto apela em ocasiões a uma simultaneidade na qual se mesclam diferentes tempos e situações ao redor de uma idéia, de uma carga intencionada”. Desde o início dos anos 1970, Carlos Alonso reside alternadamente em Roma e Buenos Aires.

Serviço

Carlos Alonso – Hay que comer
Visitação: de 02 de outubro a 11 de abril de 2010
Museu Oscar Niemeyer
Rua Marechal Hermes, 999
Aberto de terça a domingo, das 10h às 18h
R$ 4,00 inteira e R$ 2,00 estudantes, com carteirinha
Gratuito para grupos agendados da rede pública, do ensino médio e fundamental, para estudantes até 12 anos, maiores de 60 anos e no primeiro domingo de cada mês.