Com 117 pinturas em exibição, a exposição apresenta uma significativa retrospectiva da obra de Alfredo Volpi (1896-1988). Um empreendimento de fôlego que exibe meio século da produção do artista, do final de 1920 ao final de 1970. Esta é a primeira mostra individual de Volpi em Curitiba. 

Confira a programação da exposição.

“Tentei selecionar alguns dos mais belos vôlpis de que se tem conhecimento, escolhidos um a um por suas qualidades”, afirma o curador e crítico Olívio Tavares de Araújo, um dos maiores especialistas na obra de Volpi. O curador organizou sua seleção a partir de dois focos centrais: demonstrar a grande atualidade da proposta artística de Volpi, “um artista intuitivo, nunca um intelectual, que se interessou pelos elementos formais como composição, luz e cor”, e demonstrar que Volpi foi “um artista original ao descobrir e inventar seus caminhos a partir e dentro de sua própria trajetória, sem estar balizado por nenhuma determinação exterior”.

 
Devido a origem social de imigrante italiano, o artista não fez parte do movimento modernista brasileiro. Segundo o curador, do grupo de artistas da Semana de Arte Moderna de 22, Volpi estava separado, em primeiro lugar pela questão social. Imigrante humilde, ele “lutava arduamente pela vida”, em um momento em que os intelectuais e os patronos da Semana a realizavam. Era um simples operário, um pintor-decorador de paredes.

Entre as obras em exibição destacam-se “Manequins e Melancias” (1950), “Costureiras” (1940), “Vista de Santos com o Mar ao Fundo” (início dos anos 50), “Sereia” (1960), “Grande Barco Negro” (1960) e as composições com bandeirinhas. “Bandeirinhas e Mastros”, pintado na metade  dos anos 60, é a obra símbolo da exposição.

Mestre

Volpi começou fazendo pinturas de óleo sobre tela e, na virada da década de 40 para a década de 50, passou a realizar sua pintura na técnica de têmpera sobre tela. Utilizava uma tinta à base de água preparada por ele mesmo, assim como suas telas e pincéis. A maior parte das obras em exposição foram produzidas nessa técnica, que o artista não mais abandonou. O curador afirma que os trabalhos selecionados explicam e legitimam a opinião de Mário Pedrosa, um dos mais importantes críticos de arte de meados da década de 50.

“Na minha opinião e na opinião de muita gente isenta e autorizada, para quem a obra volpiana apareceu, nessa mesma retrospectiva, numa dimensão surpreendentemente maior do que se esperava, o antigo e o modesto pintor de paredes do Cambuci é, realmente, o mestre brasileiro de seu tempo (…) Duas coisas mais facilmente verificáveis a sua mostra revelou: a insuperada mestria técnica do pintor e o caráter brasileiro de sua arte”, escreveu Pedrosa no Jornal do Brasil, em 18 de junho de 1957, a respeito da primeira retrospectiva de Volpi no Museu de Arte Moderna do Rio.

“Mestre não só no sentido do saber fazer, mas nessa época Volpi já tinha construído uma identidade, uma individualidade artística, estava maduro, pronto. Portanto, mestre no sentido de plenitude”, complementa o curador. Tavares Araújo explica que o artista ganhou notoriedade quando já tinha atingido a maturidade, com mais de 50 anos. Sua primeira exposição individual foi realizada quando ele tinha 48 anos. “É um artista tardio. O grande Volpi surge a partir da década de 40.”