O imaginário popular é reconstruído de maneira lúdica na exposição “Brincadeiras de Criança” em Curitiba. Com inspiração em Di Cavalcanti e Fernando Botero, a artista plástica curitibana Carin Veiga apresenta bonecas e mamulengos de formas robustas. Enquanto seu conterrâneo Euclydes Nrowotisk se utiliza de materiais recicláveis, como filmes fotográficos, caixinhas de remédio e pasta de dente, para remontar as favelas e os castelos dos contos de fadas. O triângulo da mostra é completado pelo artista Piri, paulista morador de Cornélio Procópio (PR). Com a madeira e o alumínio, ele confecciona miniaturas de automóveis desde os 17 anos, quando trabalhava em uma oficina mecânica.

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A formação de Carin em História aguçou sua preocupação antropológica com as obras, assim como cursos lhe introduziram nos caminhos plásticos da cerâmica. Ela foi ao Vale do Jequitinhonha (MG) testemunhar o nascimento das bonecas de barro, até Pernambuco brincar com marionetes e fantoches. De volta a terra natal, ela modela ao ritmo das batidas do tamanco do Fandango. “Temos que miscigenar o erudito com o popular”, diz. Além dos mamulengos e bonecas, a artista apresenta colares artesanais, máscaras decorativas e esculturas populares.

Os carrinhos já estavam no imaginário de Piri, apelido de Delcio Marteli, desde sua infância quando ele confeccionava os próprios brinquedos. Depois da experiência na oficina mecânica, começou a trabalhar em uma revenda de tratores em 1972. Tornou-se artista, dez anos depois, quando criou as primeiras réplicas de caminhões, carrinhos e aviões. Todas produzidas com alumínio, madeira e materiais recicláveis.

Seguindo a mesma filosofia no uso de materiais, Euclydes Nrowotiski, 78 anos, reconstrói cidades e parte delas – favelas e castelos. Do pinhão e da pinha, sementes da flor magnólia, nascem miniaturas de pássaros, corujas e garças. A cultura do Paraná é representada ainda a partir da pinha de pinus e do bambu, de onde surge a Flor dos Pinus de Nrowotiski.