Efeito Atletiba

Edílson de Souza - edilsondsouza@yahoo.com.br

É claro que, para os torcedores, perder para o maior rival — seja em qual circunstancia for — causa uma insatisfação muito grande. Porém, o resultado do Atletiba foi excelente para o futebol paranaense. A vitória do Coritiba afastou um pouco o time do Alto da Glória daquele grupo dos desesperados, mas o risco de rebaixamento ainda continua. Imagine se houvesse uma derrota.
Então, se, para os atleticanos foi péssimo, para o Coritiba foi maravilhoso. Seria trágica uma eventual queda de um dos dois clubes para a segunda divisão. A partir desse momento, a torcida estará voltada para que os clubes fujam o mais rápido possível da degola e comecem a disputar uma vaga na Copa Sul-Americana.
Penso que os torcedores do Coritiba estejam arrependidos de terem solicitado o retorno do técnico Rene Simões. O trabalho realizado por Ney Franco é aprovado pela maioria. Tudo feito pelo antigo treinador foi jogado no lixo.
A situação poderia muito melhor. Menos mal. Com Ney, com as vitorias conquistadas, pela forma que ele vem fazendo o time jogar, as esperanças se renovam a cada rodada. Pena para a torcida que as esperanças são apenas de permanência na Série A.
No ano do centenário, o Coritiba venceu o “ campeonato Atletiba”. Contudo, por causa das demais competições, fruto da inexperiência daqueles que comandam o clube, o ano que tinha tudo para ser histórico será lembrado apenas por eventos sociais.

Fatos
Covarde! Esse foi o time Atleticano no clássico. Enquanto o adversário jogou com vontade e determinação, nós jogamos com Alex Mineiro fora de forma, sem vontade e jogando fora tudo aquilo que conquistou. E não estou cobrando pelo jogo de ontem, mas sim por todos os jogos que ele entrou em campo com a camisa rubro-negra. E, se muitos acham que não deveria criticar aquele que foi peça principal em nosso único Brasileirão, compreendo. Só acho que, enquanto Alex Mineiro não estiver bem fisicamente, não adianta entrar em campo. No domingo, antes de Alex Sandro ser expulso, nós já jogávamos com um a menos.
Quando fizemos o “Disk Noitada”, fiquei sabendo de várias aventuras de nosso jogadores. Não estou nem um pouco preocupado com o que fazem ou deixam de fazer. Agora, a partir do momento que venham prejudicar o time, eles têm que parar para analisar até quando pode se fechar os olhos para o acontecido. O que “alguns” jogadores fizeram depois da derrota contra o Avai? Em Recife, antes da derrota para o Náutico? Para bom entendedor, meia palavra basta!

Seis pontos
Ganhando duas partidas, estamos fora de perigo. A partir daí, começa a reformulação. Primeiro, gostaria de saber de são apenas boatos ou tem alguma verdade na saída de nosso diretor de futebol. Caso isso seja verdade por causa da eleição no Paraná Clube, seria o momento de se procurar já um novo profissional. Infelizmente, muitas contratações não deram certo esse ano.
No ano que vêm a pressão vai ser grande. Não vamos mais ser cobrados por uma responsabilidade que não é nossa. A torcida está levando o time nas costas há muito tempo.

Será?
Gol aos 46 do segundo tempo. Se acontecer isso no futebol da rapaziada que rola na terça feira, o camarada fica a semana inteira aguentado a galera falar! No Atlético, ninguém irá se pronunciar?
Um Ultra abraço!

Inesquecível
O Coritiba venceu porque foi o time mais corajoso no AtleTiba. Comandado pelo retranqueiro Antônio Lopes, o time “deles” jogou para não perder. E perdeu justamente da forma mais saborosa: no último minuto do jogo. O reflexo do posicionamento retranqueiro do time da Baixada é emblemático no lance do terceiro gol. O medo de perder colocou todos os adversários acuados na grande área e ninguém, ninguém marcou Marcos Aurélio, que fez o gol da vitória.
A vitória — mais uma — no AtleTiba tem um efeito gigantesco no fator motivacional, mas a frieza dos números na tabela mostra que o Coxa tem que lutar muito ainda. Precisa de mais três vitórias para se livrar do pesadelo da ZR. Falarei destes problemas que temos, mas não agora. Agora é hora de celebrar. E essa vitória merece a celebração.
Ao deixar o Alto da Glória, o que mais me deixou feliz foi ver o semblante dos novos torcedores coritibanos, a felicidade extrema de ver um time vencer o rival na raça. Isto é Coritiba. A nova geração Coxa precisa aprender a viver a extrema felicidade de fazer a festa nas arquibancadas — que linda festa! —, cantar o jogo todo e ver o time vencer de forma emocionante. Isto é Coritiba.
Coritiba, a Torcida que nunca abandona.

Tarde demais
Tal como em 2008, a recuperação tricolor no torneio tardou em aparecer. Já sem chances matemáticas de ser campeão da segundona, o Paraná, segundo matemáticos, tem apenas 0,02% de chances de subir à primeira divisão ainda nesta edição.
Os números comprovam a má atuação paranista na Segundona, após o descenso de 2007. Nas 70 rodadas que disputou na Segundona, jamais o Paraná tinha ficado entre as dez melhores equipes. Foram necessárias 70 partidas para isso acontecer.
O apaixonado torcedor, preocupado com a falta de perspectiva, anima-se para 2010 e alguns, deveras otimistas, fazem as contas, agourando Atlético (GO), Figueirense, Portuguesa e Ponte Preta.
A fase recente do tricolor se deve muito ao trio Davi-Rafinha-Toscano. Com triangulações, velocidade e inteligência, produziram mais do que qualquer outra formação com avantes de ofício. Outros fatores importantes são o retorno de Luís Henrique à zaga e o reencontro de Fabinho com seu futebol.
Apesar de tudo, os números refletem o descaso do Paraná com a busca da classificação em 2009. Os pontos perdidos em casa fazem falta para maiores pretensões paranistas. O tricolor tem aproveitamento de 46%, é o sétimo time que mais venceu (13, ao lado de São Caetano, Bragantino e Ponte), o 12º que mais empatou (6) e o 10º que mais perdeu (13). Com 41 gols pró, o Paraná tem o sétimo pior ataque. Com 49 contra, a sexta pior defesa. Pouco para quem, no aniversário de 20 anos, deveria ter se planejado para comemorar com sua volta à elite do futebol nacional.
Teu destino é vitória!