Reunião sela trégua no Coritiba

Dirigentes, comissão técnica, jogadores e torcedores se unem em prol do clube

Lycio Vellozo Ribas

Uma reunião envolvendo todos os segmentos do Coritiba — dirigentes, comissão técnica, jogadores e torcida — selou uma trégua no clube. O objetivo é amenizar o clima, que ficou ruim com a queda de desempenho na Série B e piorou com as conseqüentes cobranças vindas das arquibancadas.

A reunião aconteceu na tarde de ontem, no Couto Pereira, pouco antes do treino da tarde. Nela, estavam o presidente do clube, Giovani Gionédis, o vice André Ribeiro, o diretor Luis Henrique Barbosa Jorge (Espeto), representantes das torcidas uniformizadas, o técnico Paulo Bonamigo, outros integrantes da comissão técnica, e jogadores líderes do grupo, como Índio, Artur e Kléber.

No encontro, os representantes dos torcedores prometeram apoio irrestrito para que o clube possa voltar ao “G4”, o grupo das equipes que estariam classificadas para a Primeira Divisão. Aos jogadores presentes no encontro, os torcedores pediram raça, dedicação e comprometimento com o objetivo de retornar à Série A.

Esse apoio, entretanto, pode durar apenas até sexta-feira, dia em que o Coritiba recebe o Santo André. Em caso de um novo tropeço, a torcida admite retomar as cobranças. “Pedimos ao torcedor que deixe as vaias para depois do apito final, se não houver jeito”, disse Papagaio, presidente da Império Alviverde. “Ao final do jogo, se o torcedor quiser se manifestar, que se manifeste”. No último jogo em casa — empate em 0 a 0 com o São Raimundo —, houve protestos ao fim da partida, do lado de fora do estádio.

Os jogadores parecem ter entendido o recado e dizem estar cientes de que precisam corresponder a qualquer custo. “Se alguém tem problema em sentir a pressão, que peça para sair”, declarou o zagueiro Índio.





Diretoria segurou atacantes, afirma Hidalgo
O coordenador de futebol do Coritiba, José Hidalgo Neto, revelou ontem uma atitude da diretoria em prestigiar os três “matadores”  que trouxe para este ano: William, Alberto e Jefferson. Em entrevista à Rádio Banda B, ele revelou que os três haviam recebido propostas de times da Série A, mas que os cartolas coxas-brancas resolveram bancá-los e recusaram as ofertas.

“O William estava brigado com parte da torcida, seria muito fácil negociá-lo, mas não é essa a intenção da diretoria”, declarou Hidalgo. O jogador havia se desentendido com alguns torcedores ao fazer gestos obscenos na partida contra a Portuguesa. Como acabou afastado do jogo com o Ituano, especulava-se que ele estaria de saída. Hidalgo revelou que William tinha uma proposta do Cruzeiro.

Segundo o coordenador, Alberto e Jefferson também receberam sondagens para deixar o Coritiba. O primeiro teria sido assediado pelo Santa Cruz e o segundo, pelo São Paulo — em vez de Jefferson, o clube paulista contratou Edgar, do Joinville. “Eles têm mais dois meses de contrato com a gente”, garantiu Hidalgo.

O dirigente descartou que a queda do Coritiba na Série B tinha sido motivada pela falta de gols do ataque, problemas no comando ou atraso no pagamentos de prêmios. “Caiu porque ninguem é super-homem, o time jogou nove partidas extenuantes em poucos dias”, afirmou. Hidalgo garantiu que o técnico Paulo Bonamigo tem o elenco na mão e que as premiações estão sendo pagas — mesmo quando o time perde. Para ele, os motivos de ordem física que frearam o Coritiba na Série B podem se repetir com as outras equipes. “Os que cresceram agora tendem a cair”, finalizou. (LVR)






Bonamigo faz experiências no time
O técnico Paulo Bonamigo usou o treino de ontem para fazer experiências no Coritiba. A principal mudança ficou para o meio-campo: Rodrigo Mancha assume a vaga de Márcio Egídio. O objetivo, com isso, é a manutenção do atual esquema tático.

Nas últimas rodadas, o Coritiba atuou num teórico 4-4-2, com dois zagueiros de ofício e quatro meio-campistas. Na prática, o primeiro volante — até então, Márcio Egídio — recua para fazer o papel de um terceiro defensor. Com Mancha nesse papel, o esquema fica mantido, o que não aconteceria se o escolhido para a vaga fosse o zagueiro Índio, que retorna de lesão.

No decorrer do coletivo, Índio entrou na equipe. Com isso, apareceu o 3-5-2 clássico, com três defensores de ofício. Entretanto, o jogador sacado foi Paulo Miranda. Assim, o meio-campo ficou com Mancha, Caio e Jackson — este último ainda deu lugar a Cristian, que tem poucas perspectivas de atuar diante do Santo André.

Nas outras posições, a única alteração é a entrada de Carlão na lateral-esquerda, em vez de Ricardinho. No mais, o time apresentava Artur no gol, Luís Paulo na lateral-direita, Henrique e Marcelo Batatais na zaga e Anderson Gomes e Jefferson no ataque — todos já treinaram como titulares na segunda-feira. Essa escalação, entretanto, não é definitiva. Bonamigo pretende consolidar a equipe apenas no treino de amanhã. (LVR)