
Atletas curitibanas de destaque no cenário internacional têm que recorrer a vaquinhas virtuais para continuarem competindo e manterem vivo o sonho de disputar uma Olimpíada. A patinadora artística Maria Joaquina Cavalcanti Reikdal, de 13 anos, e a ginasta Julia Cristina Ricardo, 12, já conquistaram títulos fora do país, mas ainda não têm idade para obter ajuda das entidades que representam as modalidades. A equipe brasileira pré-infantil de ginástica, formada por ginastas de Curitiba, também recorreu a uma vaquinha.
Julia Ricardo participará em dezembro do Pan-Americano para jovens talentos, em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, com boas chances de brilhar. Em menos de um mês, a curitibana ganhou quatro medalhas de ouro e uma de prata: foi campeã nos Jogos Nacionais Escolares, no Rio de Janeiro, e conquistou três ouros e um segundo lugar no Sul-Americano de Ginástica, em Cali, na Colômbia, no início de novembro. A família criou uma vaquinha (https://vaka.me/2456570) no valor de R$ 7 mil para ela disputar o Panamericano.
Segundo Fernanda Ricardo, mãe de Julia, como a atleta está na categoria infantil, ainda não tem patrocínio da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG). “Ela é atleta da seleção brasileira de ginástica, mas é de uma categoria transitória”, explica. As atletas recebem ajuda financeira (para gastos com transportes e hospedagem) quando passam a integrar a categoria juvenil, a partir dos 13 anos. “Se não conseguirmos arrecadar na vaquinha fazemos um empréstimo e ela vai por nossa conta. Não seria justo ficar de fora, ela treina cinco horas por dia”, diz Fernanda.
Julia começou a treinar aos 3 anos, em um ginásio no bairro Capão da Imbuia, onde treina até hoje. “Coloquei na ginástica artística. Quando chegou a ginástica rítmica ela tinha de 5 para 6 anos e disse que era isso que ela queria”.
O primeiro campeonato internacional foi em 2018 e Julia foi campeã em três modalidades. Naquele ano, também foi campeã brasileira por equipe. Em 2019 foi campeã sul-americana por equipe, no Peru. Depois da parada em 2020 por causa da pandemia, Julia voltou a competir neste ano. Além das medalhas fora do país, garantiu quatro títulos nacionais em sua categoria: campeã brasileira individual geral, campeã na categoria mãos livres, campeã no aparelho maças e campeã por equipe.
Apesar dos bons resultados, a família nunca conseguiu patrocínio. “Só um collant para ela competir custa R$ 1.200”, diz Fernanda. “O valor que colocamos na vaquinha é só para a competição, mas tem os treinos e todo o resto. Quanto mais ela treina, mais os gastos aumentam, porque ela precisa de mais equipamentos, de amparo psicológico e físico. Para disputar uma Olimpíada precisa de muito investimento por parte da família”.
Vice-campeã mundial de patinação e mais jovem da seleção da brasileira
Vice-campeã mundial de patinação neste ano, no Paraguai, Maria Joaquina Cavalcanti Reikdal está se preparando para o Campeonato Brasileiro de Patinação Artística no Gelo, a partir de 17 de dezembro, em São Paulo. Mas o grande objetivo é participar da temporada do grand prix, com diversos torneios na Europa que servem como uma vitrine. Para chegar lá, ela precisa de mais participações em campeonatos nacionais e internacionais. A ginasta tem uma vaquinha no endereço https://vaka.me/2219691.
“Não temos patrocínio. Quem ajuda é uma empresa do Japão, que dá os patins de gelo, e o hotel Slaviero, que não cobra hospedagem em São Paulo”, diz o pai e treinador de Maria, Gustavo Uchoa Cavalcanti. Ela ainda enfrenta o problema da idade, já que a Bolsa Atleta é paga para atletas com 14 anos ou mais. “O Brasil não tem uma cultura da patinação no gelo. Tanto que a Isadora Williams (primeira patinadora brasileira a se classificar para os Jogos Olímpicos de Inverno, em 2014) já anunciou que vai se aposentar”.
Segundo Gustavo, atualmente Maria é a única patinadora no gelo capaz de fazer todas as séries necessárias em sua categoria. “A patinação no gelo é diferente da patinação sobre rodas, porque tem elementos mínimos obrigatórios, e ela é a única que faz todos os elementos na categoria. Para competir em um grand prix tem que se qualificar, atingir um índice em outras competições’.
A ginasta começou na patinação com rodas aos 9 anos e no gelo aos 11. Neste ano, foi vice-campeã no Campeonato Mundial de Patinação Artística, em Assunção, no Paraguai. Ela é a mais jovem patinadora da equipe brasileira e a primeira medalhista de Curitiba em um Mundial de Patinação e competiu na categoria In Line Júnior Individual, com atletas de até 18 anos. “Sempre tivemos metas altas”, conta Gustavo. “Ela poderia estar em uma categoria, menor, mas sempre quisemos os desafios”.
Pré-Infantil — Na categoria pré-infantil da ginástica rítmica, as cinco ginastas da seleção brasileira são de Curitiba e treinam no Clube Agir, no bairro Tarumã. As ginastas, todas com 10 anos, foram campeãs no conjunto nas modalidades Mãos Livres e Cinco Arcos e ficaram com o ouro na disputa geral por equipes do Sul-Americano de Cali, a Colômbia. Elas também criaram uma vaquinha virtual para as próximas competições (https://vaka.me/2422642). A equipe infantil brasileira é composta por Anna Julia Carvalho, Gabriela Navarro da Silva, Isabella Asturian, Letícia Caroline Machado, Luara Prestes da Silva e Maria Olívia Marcílio.