Ecobarreira ganha ‘atualização’ para ajudar ainda mais um rio histórico da RMC

Em cinco anos, dez toneladas de lixo foram retiradas do Rio Atuba pelo ativista ambiental Diego Saldanha

Rodolfo Luis Kowalski

Franklin de Freitas - Diego na sua barreira de proteção no Rio Atuba: “Já coletei até porta de geladeira”

Instalada desde janeiro de 2017 em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), a Ecobarreira do Rio Atuba já ajudou na retirada de toneladas de lixo que são jogados diariamente no histórico rio – foi à margem do Rio Atuba, na região onde hoje fica o Bairro Alto, que teve início a colonização de Curitiba, em 1659. Pouco depois de seu quinto aniversário, um presente à população: uma atualização no equipamento, que agora será capaz de reter ainda mais objetos que são jogados na água.

Criador da iniciativa, o ativista ambiental Diego Saldanha conta que o diferencial é que a nova barreira tem uma grade metálica, que fica 20 centímetros abaixo do nível da água. Com isso, ele consegue capturar mais itens, como bituca de cigarro, copo plástico e sacola. Antes, o equipamento era feito com galões de água de 50 litros, que ficavam envolvidos por uma rede de proteção.

“Antes a Ecobarreira ficava em diagonal, e essa agora faz um U. Sò nas pontas que é solta, para ter o trânsito de animais, não atrapalhar a vida na água”, explica Diego. “É com cabo de aço, em cima e embaixo, e ela não se solta, fica fixa, independente de quantidade de chuva. A outra se soltava”, complementa ainda ele, citando que a atualização da Ecobarreira foi apoiada pela Unilever/OMO.

Em cinco anos de trabalho, o ativista estima ter retirado mais de dez toneladas de lixo do rio. São três dias por semana dedicando tempo para coletar os objetos que ficam presos na barreira. E olha que a variedade de itens é grande.

“Os maiores que já coletei foram porta de geladeira e carcaça de máquina de lavar. Mas o que mais tem é garrafa pet, isopor. Na pandemia está vindo também muita embalagem de delivery, porque aumentou muito o consumo depois da pandemia e o pessoal está descartando de forma errada. Tem vindo muito”.

Mas não é porque surgiu uma barreira nova que a antiga será abandonada. A ideia é agora instalar o equipamento em dois pontos do rio, aumentando ainda mais a capacidade de retenção de lixos. “Com a nova Ecobarreira já notei que subiu uns 50% [a quantidade de lixo retido], principalmente plástico pequeno, que É o que mais prejudica o oceano. Se ver que tem necessidade, vou colocar a barreira antiga mais para cima, fazer as duas se unir para ajudar o rio.

‘É possível fazer a diferença’

Quando iniciou o trabalho no Rio Atuba, cinco anos atrás, uma das principais intenções de Diego Saldanha era dar exemplo aos filhos. E hoje, Eduardo e Luan, de 12 e 8 anos, respectivamente, são os parceiros do pai no esforço para limpeza do rio. “Eu procuro trazer eles para bem perto, para eles verem que é possível fazer algo, mesmo com poucos recursos”, explica.

Os dois também ajudam na montagem do Museu do Lixo.

Saiba

Museu do Lixo terá itens relacionados à pandemia

Além da atualização da Ecobarreira, Diego Saldanha também recebeu a ajuda da Unilever para reformar o Museu do Lixo, onde guarda diversos dos itens que ele retira periodicamente do Rio Atuba. A ideia é reinaugurar o espaço, que costuma ser visitado por estudantes da rede pública e particular de ensino da RMC, tão logo chegue ao fim a crise sanitária que o Paraná atravessa. Uma das novidades, inclusive, estará no acervo: será criada uma seção que recordará para sempre a pandemia do novo coronavírus, com itens como pote de álcool em gel e máscaras. “Deixo separado para um dia a gente lembrar disso”, explica Diego.