Igreja de Curitiba promove arrecadação para vítimas dos terremotos na Síria e na Turquia

Campanha vai até a meia-noite da próxima terça-feira e dinheiro arrecadado será enviado ao Patriarcado de Antioquia; padre relata o drama das pessoas que vivem em regiões afetadas: “Estão com medo de voltar para suas casas”

Rodolfo Luis Kowalski

Igreja Ortodoxa Antioquina São Jorge, no bairro Mercês (Valquir Aureliano)

A Igreja Católica Ortodoxa Antioquina São Jorge, também conhecida como Igreja de São Jorge de Curitiba, começou a promover nesta terça-feira (7) uma campanha de arrecadação para ajudar as vítimas dos terremotos na Síria e na Turquia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 7,2 mil pessoas dos dois países já faleceram no trágico acontecimento, número preliminar que ainda pode subir até oito vezes. Além disso, também se estima que até 23 milhões de pessoas “estão expostas” aos efeitos do terremoto (o que inclui cerca de um milhão de crianças).

Diante do desastre, as igrejas antioquinas de todo o mundo iniciaram uma mobilização solidária. Em Curitiba, estão sendo arrecadadas colaborações financeiras através da conta da igreja na capital paranaense, que irá repassar os valores obtidos à Arquidiocese em São Paulo e, de lá, ao Patriarcado de Antioquia e Todo o Oriente, para ajudar no socorro aos afetados e necessitados.

A campanha, que teve início ontem, durará uma semana, terminando à meia-noite da próxima terça-feira (14 de fevereiro).

“Essas doações vão para nosso Patriarcado, pela nossa Arquidiocese. A nossa igreja é a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa Antioquina, e o ‘antioquina’ vem da cidade de Antioquia. O bispo da nossa igreja vem da Antioquia, onde os discípulos de Jesus Cristo foram chamados pela primeira vez de cristãos. Então o terremoto bateu no coração de nossa igreja, no coração do nosso povo”, comenta o padre Samaan Masri. “É uma inicitiva para ajudar o povo lá, seja sírio ou turco”, complementa.

Ainda segundo o religioso, o pedido de ajuda saiu do Patriarca da Igreja, então todas as comunidades religiosas pelo mundo estão fazendo ações para ajudar as populações afetadas pelo terremoto. No Brasil, a Igreja Ortodoxa Antioquina está presente em cidades como São Paulo, Goiânia, Anápolis, Brasília e Belo Horizonte. “As igrejas que estão mais perto de lá estão doando cobertores, alimentos. Nós, que estamos muito longe, escolhemos esse caminho [arrecadação financeira], que é mais prático para mandar nossas doações”, explica Masri, comemorando ainda que o primeiro dia de campanha já teve uma reação muito boa dos paroquianos e comentando que agora espera ainda mais contribuições por parte dos brasileiros.

“Vamos enfrentar esse terremoto com carinho, ação de caridade, para ajudar as pessoas que estão lá. Sou um refugiado sírio no Brasil, o povo brasileiro abriu a porta, abriu o coração para mim. Sei como o povo brasileiro é carinhoso, gosta de ajudar. É um povo receptivo, acolhedor. Vamos aproveitar a tecnologia, o mundo sem fronteiras, para fazer esse carinho chegar nos necessitados”, diz o padre.

‘Além da guerra, além da pobreza, agora chegou o terremoto…’
O padre Samaan Masri, inclujsive, é sírio e vive há sete anos no Brasil, tendo deixado seu país na condição de refugiado por conta da guerra civil iniciada em 2011 e que já deixou mais de 500 mil mortos. Seus familiares, no entanto, ainda vivem em Alepo, na Síria, uma das localidades afetadas pelos terremotos.
“Além da guerra, que dura mais de 10 anos, além da pobreza, além de tantos outros problemas nacionais, além de tudo, agora chegou o terremoto… As pessoas que não são vítimas tiveram suas casas destruídas, perderam o carro, perderam o trabalho. Já estão há 48 horas nas ruas, nas praças das cidades, com medo de voltar para suas casas. A perda é imensa e há muito medo. Estão enfrentando ainda um tempo horrível, porque agora faz muito frio e muita chuva lá e está todo mundo fora de casa”, relata.

Ainda segundo o religioso, a comunidade da igreja em Curitiba reúne muitos sírios, a maioria dos quais não dormiu nas últimas noites, passando as noites e os dias tentando contato com familiares que estão do outro lado do mundo. “Tem pessoas com parentes na Antioquia, na cidade da Antioquia, que ainda não conseguiram falar com eles. Conseguiram informações com parentes que estão na Alemanha. O local onde eles trabalham foi destruído, o carro deles… E agora estão vivendo numa tenda. Esse é um exemplo. Em Alepo, onde minha família mora, o terremoto derrubou muitas prédios e há muitos falecidos.”

Como ajudar
A Igreja de São Jorge de Curitiba está arrecadando contribuições financeiras, de qualquer valor, para ajudar os necessitatos sírios e turcos. As contribuições podem ser feitas via PIX, cuja chave é o CNPJ da igreja (76.731.678/0001-06).
Também é possível contribuir com transferência bancária. As informações para quem puder e/ou quiser fazer doações são as seguintes:


Informações
Razão Social: Paróquia São Jorge de Curitiba
Banco: Caixa Econômica Federal
Agência: 3640
Operação: 003
Conta Corrente: 521-8
CNPJ: 76.731.678/0001-06