Gente do Bem

Projeto transforma a história de idosos em conto de fadas para as crianças

Em 13 anos, projeto formou cerca de 3 mil pessoas na arte da contação e já promoveu o “encontro” de outras 15 mil 

Rodolfo Luis Kowalski

Divulgação/História Viva - Histu00f3ria Viva leva conforto aos hospitais

Era uma vez uma paulistana que se mudou com sua família para Curitiba em busca de mais qualidade de vida e tempo para poder fazer aquilo que mais gosta: contar histórias. Assim que chegou à Capital, Roseli Bassi começou a atuar em um hospital, levando alegria aos pacientes com suas histórias encantadas. Mas ela queria mais.
Por isso, publicou em um jornal um anúncio curto: “Seja voluntário e conte histórias”. Esperava que meia dúzia de interessados se apresentassem, mas na manhã seguinte 120 pessoas bateram à sua porta atendando ao chamado no jornal.
Foi assim que teve início, há 13 anos, a trajetória do Instituto História Viva, que tem como objetivo transformar para melhor, por meio da arte de ouvir e contar histórias, os ambientes de dor e sofrimento de hospitais, asilos, abrigos e casas lares. 
“No principio contavámos histórias para crianças em hospitais. Mas muitos adultos e idosos acompanhavam a gente para ouvir as histórias, faziam uma espéciue de romaria. Aí percebi que eles também gostavam de ouvir histórias. Temos uma visão equivocada de que a contação serve só para crianças, mas quando contamos histórias é para essa parte mais pura, essa parte de criança que cada um temos dentro de nós”, explica Roseli.
Mas não era só de ouvir histórias que os mais velhos gostavam. Eles também queriam poder contar as histórias de suas vidas. Foi quando, cerca de três anos após a criação do História Viva, Roseli teve a ideia de criar o projeto intergeracional, no qual os voluntários escutam as histórias dos idosos que moram em asilos para depois reapresentá-las a crianças como conto de fadas.
Como muitas vezes os relatos são marcados pela tristeza, com memórias de episódios ruins e muitas vezes a situação atual de abandono, a busca é pelo resgate de algum momento de alegria e encantamento, capaz de fazer ressignificar a vida do próprio idoso.
“Contamos então a história para uma criança em situação de risco e ela, em retribuição à historia, faz uma arte inspirada no idoso. Aí voltamos para o asilo, contamos a história encantada e entregamos o desenho como presente”, explica Roseli, destacando ainda a importância do projeto.

Primeira oficina para voluntários do segundo semestre começa no sábado
Desde 2005 o História Viva atua também com a capacitação de contadores de histórias, tendo formado mais de 50 turmas e capacitado mais de 3 mil voluntários, que atuam em instituições parceiras do projeto (hospitais, asilos, abrigos e casas de apoio). E no próximo sábado será aberta uma nova oficina, a primeira do segundo semestre – são duas turmas formadas a cada semestre, em média, em Curitiba.
Para participar, basta o interessado acessar o site do História Viva e selecionar a opção “seja um voluntário” na aba “voluntariado”. Pessoas de qualquer idade podem participar da oficina, precisando apenas ter predisposição para se doar como voluntário e investir um tempo de suas vidas de maneira série, comprometida e com constância. “Temos uma frequência, seguimos um cronograma. Então, nossos voluntários trabalham cerca de duas horas a cada 15 dias”, aponta Roseli.
“Na verdade, todas as pessoas envolvidas são beneficiadas, gerando uma reação em cadeia. Isso transforma a maneira de ver a vida, transforma a realidade.”

Serviço
Instituto História Viva

O que é: Fundado em novembro de 2005 e com sede em Curitiba, o Instituto História Viva capacita, treina e gerencia voluntários para se tornarem ouvidores e contadores de histórias. O objetivo é transformar para melhor os ambientes de hospitais, asilos, abrigos e casas lares; valorizar a sabedoria dos idosos; levar cultura, educação, carinho e alegria; e principalmente incentivar o hábito da leitura. 
Como funciona: Atualmente atende a três projetos, capacitando contadores de histórias para atender crianças e idosos em situação de vulnerabilidade. Num dos projetos, o “Ouvir e Contar”, voluntários escutam idosos contarem sobre suas vidas e, a partir desses relatos, constróem contos de fadas que inspirarão crianças.
Seja um voluntário: Pessoas de qualquer idade e sexo podem atuar como contadores de história. Para isso, é preciso passar por uma capacitação – no próximo sábado uma nova turma será aberta. Para mais informações, acesse o site do História Viva.
Outras formas de ajudar: Doação de materiais como lápis de cor, material para pintura e papel também são aceitos, bem como o apoio, o expertise de profissionais que atuam em outras áreas (advogado, administrador, contador e etc). Doações financeiras também podem ser feitas por meio da conta de luz (Copel), via depósito ou cartão de crédito. Na fanpage do Instituto, clique no botão “Doar” para contribuir
Site: https://historiaviva.org.br/site/
Facebook: https://www.facebook.com/institutohistoriaviva/