A tão propalada — e desconhecida — interatividade na TV digital finalmente deu as caras. Ainda não está no televisor mais próximo a você, mesmo que tenha um decodificador. Mas, na semana passada, o que era só uma promessa ganhou os holofotes e pôde pela primeira vez ser conferido de fato. Pelas projeções mais otimistas, deve estrear até dezembro.
Na Broadcast&Cable, evento que reuniu emissoras, fabricantes e acadêmicos, dezenas de televisores LCD e plasma espalhados pelo Centro de Exposições Imigrantes, na zona sul de São Paulo, exibiam os testes de interatividade de Globo, Record, SBT e Band. Os controles remotos, necessários para experimentar, eram disputados.

Pela interatividade, o telespectador pode acessar um menu transmitido pela emissora juntamente ao sinal de TV. A Globo, por exemplo, exibiu um relativo à Olimpíada: era possível visualizar o quadro de medalhas atualizado, o calendário dos jogos e notícias. A navegação é muito parecida à do PC, por ícones. Só que, para acessar cada opção, ao invés de mover o mouse, usam-se as teclas do controle remoto.

O SBT exibiu um menu com previsão de tempo e notícias minuto a minuto sobre política, economia, internacional e esportes. A Record apresentou receitas culinárias e mapa com a situação do trânsito em São Paulo. Já a Band tinha uma enquete sobre quais deveriam ser as prioridades dos candidatos à prefeitura.
Com os testes, as emissoras começam a planejar sua interatividade. O SBT quer ter um “portal” de serviços. “Será como a primeira página de um site. Iremos mudar constantemente. Em uma eleição, por exemplo, poderemos informar como anda a apuração. O telespectador acessa quando quiser”, diz o diretor de tecnologia da rede, Roberto Franco.

A Record, por outro lado, planeja ter conteúdo ligado aos programas que estejam no ar. “Não é saudável ao programa competir com outro tipo de informação. A TV não é internet”, opina o diretor de tecnologia da emissora, José Roberto Amaral.
Já a Globo estuda formas menos “intrusivas”. “O formato com mais ‘cara’ de TV é o de colocar ícones na lateral da tela. Quando o telespectador clica, vê dados como as estatísticas de uma partida de futebol, por exemplo, sem modificar a exibição do jogo na tela”, conta Daniel Domingos, da Globo.
Quando — Se os testes das emissoras chamaram atenção no Broadcast&Cable, a pergunta que não queria calar era “quando a novidade vai estrear?”. Falta, primeiro, o receptor compatível começar a ser vendido.
A maioria dos palestrantes evitava falar em prazos. O discurso era de que seria em “muito, muito pouco tempo”. Só os pequenos fabricantes Visiontec e DTI, na área dos estandes, anunciavam que iriam lançar em dezembro seus modelos com Ginga, o software da interatividade.