Cada um dos 120 desembargadores e mais de 700 juĂ­zes do ParanĂ¡ poderĂ£o receber um auxĂ­lio-livro de R$ 3 mil por ano, de acordo com projeto de lei encaminhado pelo Tribunal de Justiça do ParanĂ¡ (TJ-PR) para a Assembleia Legislativa.  

De acordo com a proposta, que foi apreciada na ComissĂ£o de ConstituiĂ§Ă£o e Justiça (CCJ) na terça-feira (22), mas ainda nĂ£o foi votada, o benefĂ­cio seria pago em forma de reembolso e os magistrados poderiam adquirir livros, software e demais obras jurĂ­dicas publicadas em mĂ­dia impressa ou eletrĂ´nica.

O TJ-PR argumenta a necessidade de aprimoramento intelectual da Magistratura constante. 

A atualizaĂ§Ă£o de conhecimentos reflete-se na qualidade da prestaĂ§Ă£o jurisdicional. As constantes alterações legislativas e a prĂ³pria evoluĂ§Ă£o da CiĂªncia do direito impõem aos juĂ­zes a necessidade inarredĂ¡vel do estudo constante. Para tanto, a aquisiĂ§Ă£o de livros Ă© indispensĂ¡vel, diz trecho da justificativa inserida no projeto de lei.

De acordo com o projeto de lei, a verba para este benefĂ­cio viria do Fundo de Reequipamento do JudiciĂ¡rio (Funrejus) e recebeu o parecer favorĂ¡vel do Tribunal de Contas do Estado do ParanĂ¡ (TCE), no sentido de que a medida poderia ser adotada.

O deputado Tadeu Veneri (PT), relator da proposta na CCJ, se posiciona contra a proposta que, segundo ele, Ă© inconstitucional, pois nĂ£o fala que ficaria [os livros ou softwares] com a comarca ou Tribunal. EntĂ£o, vocĂª estĂ¡ transferindo o recurso pĂºblico para a pessoa fĂ­sica, afirmou o deputado, defendendo a utilizaĂ§Ă£o do recurso para melhorias do sistema. 

O deputado ainda defende que a proposta Ă© desdecessĂ¡ria quando se analisa a remuneraĂ§Ă£o dos juĂ­zes e desembargadores que, como sĂ£o bem pagos, podem arcar com a prĂ³pria qualificaĂ§Ă£o. 

AntĂ´nio Sbano, presidente da AssociaĂ§Ă£o Nacional dos Magistrados Estaduais e magistrado aposentado do Rio de Janeiro, que atualmente vive no ParanĂ¡, defende a proposta. 

O juiz se vĂª obrigado a comprar isso com recurso prĂ³prio e Ă© um benefĂ­cio para a prĂ³pria populaĂ§Ă£o, Ă© uma ferramenta de trabalho, argumentou Sbano.

Ele destacou as constantes mudanças na legislaĂ§Ă£o brasileira.

LegislaĂ§Ă£o muda em uma velocidade estrondosa, nĂ³s temos este problema, acrescentou o magistrado. Sbano disse ainda que as obras jurĂ­dicas sĂ£o caras e R$ 3 mil Ă© um valor mĂ©dio considerado razoĂ¡vel. O juiz nĂ£o depende sĂ³ do cĂ³digo, sĂ£o obras doutrinĂ¡rias que abordam vĂ¡rias vertentes, o direito internacional, o direito comparado.Â