Divulgação

A Justiça de Pontal do Paraná, no Litoral do Estado, suspendeu o júri popular de Everton Vargas, acusado de matar a youtuber Isabelly Cristine Santos, de 14 anos. Segundo nota encaminhada pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), o julgamento foi suspenso por motivo de erro processual. O Júri Popular  estava marcado para a próxima segunda (7), às 9 horas. 

A juíza da cidade de Pontal de Paraná Cristiane Dias Bonfim Godinho decidiu cancelar o julgamento depois que o advogado Cláudio Dalledone, que defende Everton Vargas – acusado pela morte da menina -, solicitou a imediata juntada dos vídeos, fotos e medições realizadas durante a reconstituição dos fatos. Em entrevista coletiva na quinta-feira, Dalledone já alertava sobre a possibilidade de nulidade de todo o julgamento justamente pela falta de tais documentos no processo.

Diante do pedido da defesa, a magistrada resolveu adiar o julgamento e ainda revogar a prisão preventiva de Everton Vargas – que estava em prisão domiciliar com o monitoramento da tornozeleira eletrônica. Agora ele responderá ao processo em liberdade. O Ministério Público se manifestou a favor do adiamento e ainda requereu a soltura de Vargas. “O processo estava errado, imperfeito sem as provas que contavam. Isso interessa tão somente aquelas que advogam a punição em homicídio qualificado de Everton Vargas. Nós queremos um julgamento justo e vamos trabalhar por isso. E a Justiça tem nos respondido. Um julgamento e jamais um linchamento”, disse Dalledone.

Na decisão, a juíza reconheceu que a reconstituição do crime ocorreu, no entanto, o laudo não foi juntado aos autos. “Analisando os requerimentos apresentados pela Defesa, Ministério Público e Assistente de Acusação, verifico que a Sessão de Julgamento deve ser cancelada. Isso porque, de acordo com as informações acostadas pelas partes, constata-se que não obstante a informação, a reconstituição do crime ocorreu, todavia, o material produzido não foi juntado aos autos. Nesse contexto, diante da proximidade da Sessão de Julgamento e a impossibilidade de juntada das provas indicadas a tempo, cancelo a Sessão de Julgamento designada”, diz um trecho da decisão.

A magistrada ainda determinou que seja oficiada a Polícia Cientifica do Paraná “para que encaminhe ao Juízo, todo o material confeccionado durante a ‘reconstituição dos fatos’ ocorrida em 22/02/2018, como requerido pelas partes, no prazo de 15 (quinze) dias”.

A advogada Thaise Mattar Assad, assistente da acusação, explicou em nota que ‘com a intenção de disponibilizar aos jurados mais uma importante prova de acusação e evitar nulidades futuras – que prejudicariam os cofres públicos, trariam tumulto processual e ainda mais dor e sofrimento para os familiares da vítima –, esta assistência de acusação, em concordância com pleito ministerial de redesignação, pugnou pela urgente juntada da prova de acusação e redesignação do júri para a data mais próxima possível”. Ela explicou ainda que o adiamento aconteceu em razão da recente notícia no processo da ausência de imagens fundamentais, resultantes da reconstituição do local realizada em 22/2/2018, as quais, de acordo com a Delegada de Polícia que relatou as investigações, demonstram claramente que: o carro da vítima não estava em alta velocidade, tampouco realizou manobra conhecida como “cavalo de pau” e que o acusado Everton teria desembarcado do veículo para ter ângulo para efetuar os disparos.

 Isabelly tinha 14 anos, quando foi morta em 14 de fevereiro de 2018 durante uma discussão de trânsito. Segundo a Polícia Civil, Isabelly foi atingida por um tiro acima do olho esquerdo quando estava no banco de trás de um carro, ao lado da mãe. Nos bancos da frente do veículo, estavam um amigo e o pai do amigo. Em depoimento, o réu disse que foi fechado por um carro pouco antes do crime, e relatou que, logo após a fechada, o carro parou a cerca de 60 metros. Segundo ele, um dos ocupantes do veículo, sem descer do mesmo, atirou três vezes contra o carro onde estava Isabelly e a mãe. A youtuber chegou a ser socorrida, mas morreu no mesmo dia.

Everton foi denunciado pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe e também vai responder por porte ilegal de arma de fogo e munição. Já Cleverson Vargas, que dirigia o veículo, também foi denunciado apenas por embriaguez ao volante.