A ex-dirigente do Banco Rural Ayanna Tenório foi absolvida nesta quarta-feira (05) do crime de gestão fraudulenta pelo revisor da Ação Penal 470, o chamado processo do mensalão. Para o ministro Ricardo Lewandowski, Ayanna não pode ser condenada porque não sabia que estava cometendo atos ilícitos ao autorizar renovações de empréstimos para empresas do publicitário Marcos Valério.
Essa foi a primeira absolvição do quinto capítulo, referente à gestão fraudulenta da instituição financeira. Até ontem, tanto o relator Joaquim Barbosa quanto o revisor Lewandowski haviam condenado todos os réus analisados. O julgamento foi interrompido quando Lewandowski terminou o voto pela condenação dos réus Kátia Rabello e José Roberto Salgado.
Na retomada do julgamento nesta tarde, o revisor esclareceu que a situação de Ayanna é diferente dos réus anteriores, pois ela não tinha experiência na área de crédito e participou de apenas de duas renovações de empréstimo às empresas de Marcos Valério. Parece-me razoável que ela, com pouca experiência da área, não teve outra opção senão concordar com os empréstimos, justificou Lewandowski.
O revisor destacou que Ayanna atuava em uma área de apoio operacional, e que ela confiou na presumida experiência de Salgado, seu superior hierárquico, para autorizar a renovação dos empréstimos. Para Ayanna, era uma operação normal e regular em beneficio de antigos clientes, que, na época, não pesava suspeita de ilícito.
Lewandowski destacou que a ex-dirigente veio da área de recursos humanos e foi contratada pelo banco em abril de 2004, poucos meses antes das renovações dos empréstimos. Para o ministro, ela tinha uma relação de simples empregada e, ao contrário de outros réus, deixou o banco logo depois das denúncias do mensalão.
O ministro ainda absolveu Ayanna considerando que ela não tinha contato para fins econômicos com outros réus do processo. Não tem nenhuma prova nos autos que ela manteve qualquer contato com Valério nos empréstimos objugados pelo Ministério Público, porque ela não tinha qualquer ingerência no setor do banco responsável pelas operações de crédito, disse o revisor.
Lewandowski continuou seu voto, detalhando o caso de outro ex-dirigente do Banco Rural, Vinícius Samarane.