Lideranças da oposição acusam o ex-presidente Néstor Kirchner e sua mulher e atual presidente, Cristina Kirchner, de irregularidades no contrato que o governo assinou com a empresa francesa Alstom para a construção do polêmico trem-bala entre as cidades de Buenos Aires e Córdoba. A obra bilionária, afirmam os críticos dos Kirchner, estaria superfaturada.

A Alstom está sendo investigada pela Justiça suíça por suspeitas de pagamentos de propinas a políticos de vários países, inclusive no Brasil.

Na Argentina, as suspeitas sobre irregularidades cresceram com a súbita troca, por parte do consórcio Veloxia, liderado pela Alstom, do banco que realizaria o financiamento da obra. Em vez do original Banco Societé Générale (que colocava taxas de juros de 5,2% por 50% do custo da obra), o financiamento será realizado pelo Banco Natixis (que, segundo a oposição, coloca juros entre 11% e 12%). Além disso, os prazos para a apresentação de ofertas – no meio do clima de campanha eleitoral no final do ano passado – foi exíguo, o que teria complicado a participação de outros grupos na licitação. Diversas empresas pediram a ampliação dos prazos, mas foram ignoradas. Nos últimos meses, a Alstom e o governo negaram em diversas ocasiões a existência de irregularidades no contrato.

A ferrovia especial para o trem-bala argentino deve ter 710 quilômetros de comprimento. Além da ferrovia propriamente dita, o consórcio liderado pela Alstom também se encarregaria da eletrificação, das obras de sinalização, comunicações e do fornecimento de material para o trem.