Brasília – A alfabetização de adultos segue relegada a segundo plano pela maioria dos governos e o ensino escolar ainda envolve custos impeditivos para parcelas significativas da população. As duas conclusões constam do Relatório de Monitoramento Global do Educação para Todos (EPT) e são as principais barreiras ao cumprimento dos objetivos educacionais definidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco) para 2015.

Entre as metas estão a ampliação em 50% da taxa de alfabetização de adultos e a eqüidade de acesso a programas de aprendizagem e habilidades para a vida. Mas o relatório revela que, exceção feita à China, a maioria dos países fizerem escassos progressos nos últimos dez anos para a redução do número absoluto de analfabetos: “de 101 países ainda distantes de alcançar a alfabetização universal, 72 não conseguirão, daqui até 2015, reduzir pela metade suas taxas de analfabetismo de adultos.”

A Unesco informa que por métodos convencionais estima-se a existência de pelo menos 774 milhões de adultos sem preparo básico para leitura, escrita ou cálculo, dos quais 64% mulheres. Mas para a organização, a realidade seria mais grave a partir de uma medição direta de habilidades, com um em cada cinco adultos “mantidos na ignorância, à margem da sociedade”. Segundo o documento, 75% dos analfabetos do mundo se concentram em 15 países, oito deles entre os mais povoados: Brasil, Bangladesh, China, Egito, Índia, Indonésia, Nigéria e Paquistão.

O relatório mostra que governos nacionais e doadores concentrem esforços na educação primária formal em detrimento da alfabetização de adultos, que tem impacto direto na educação primária universal, na paridade de gênero e na redução da pobreza, por estimular o conhecimento de direitos e a obtenção de meios de subsistência.

O documento ainda ressalta que, apesar de 14 países terem abolido taxas de matrícula no ensino primário desde 2000, “o custo da escolaridade segue sendo um obstáculo importante para o acesso à educação de milhões de crianças e jovens”. A Unesco sustenta que os progressos na educação básica obtidos recentemente por alguns países estão condicionados à ampliação do percentual de gastos públicos com o setor.