Lídia é filha de um general e estudante de Pedagogia do Mackenzie, reduto anticomunista. Jorge estuda Filosofia na USP e é um militante do movimento estudantil. Pátria Armada – que estará no Guairão neste sábado e domingo – reconta, através da história de amor entre os dois, a Batalha da [rua] Maria Antônia. Em outubro de 1968, dois meses antes do AI-5, um protesto de estudantes da USP, apoiado por secundaristas, acaba em violência. Alunos do Mackenzie, com apoio do Comando de Caça aos Comunistas, entram na batalha, que resulta na morte de um jovem e em muitos feridos.

No musical Pátria Armada, o palco fica dividido. À direita, uma longa escadaria com vários jovens, representando a turma da USP. À esquerda, o pessoal do Mackenzie. Uma disputa ideológica, em meio a contínuas projeções de material histórico e canções que marcaram a época. As vozes dos jovens atores, aparentemente bem afinadas, são acompanhadas de uma banda que fica ao fundo.

Um complexo jogo de luzes recorta o palco. Tudo à la Broadway.  Os cabelos do jovem Rodrigo Pitta, um dos diretores, parecem com os de Carlinhos Brown. Leonardo Netto, o outro diretor, por sua vez, é o empresário de Marisa Monte e Adriana Calcanhoto. O primeiro estudou Publicidade (no Mackenzie). O segundo, Sociologia – adivinhem – na USP.  Do pequeno trecho do ensaio que a reportagem do Espaço 2 acompanhou nesta quinta-feira, pôde notar que a peça parece um conjunto interessante. A equipe chegou no começo do primeiro ensaio, um tanto conturbado. A entrevista com Pitta, marcada poucas horas antes, acabou cancelada e a imprensa não teve autorização para captar imagens.

A produção enviou apenas um mapa do Brasil em preto e fotos dos conflitos durante a Ditadura Militar – que, aliás, completa no dia da estréia, 43 anos. Nos corredores do Guaíra, atores reclamando do ensaio que iria “terminar tarde para caramba”. Uma equipe de reportagem da Rede Minas, de Belo Horizonte, não foi autorizada a filmar trecho do ensaio. Eduardo Young, produtor de elenco, explicou dizendo (abre aspas) que não seria interessante filmar enquanto o diretor pára a cada cinco minutos gritando m* para o elenco (fecha aspas).

O diretor Pitta tem se destacado como apresentador de grandes musicais. Sua primeira peça profissional, Pocket Broadway, foi em 96, quando tinha 18 anos. Desde então, representou diversos musicais, sempre apoiados por recursos audiovisuais. Modernidade, de 2002, que incluiu um curta-metragem, custou R$2 milhões, segundo entrevista do diretor a um portal de internet. Fez também espetáculos sobre músicos brasileiros. Um deles é Cazas de Cazuza. O mais recente, Um homem chamado Lee,é uma homenagem à Rita Lee.

Serviço
Pátria Armada. Dias 31 e 1º , 20h30. R$26 e R$13.
Teatro Guaíra (Praça Santos Andrade).