Três dias após a demissão de Mauricio Claver-Carone, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou nesta quarta, 27, que abriu o processo de apresentação de candidatos ao cargo de próximo presidente da instituição. Carone foi afastado da entidade depois que uma investigação interna concluiu que o americano manteve relações íntimas com uma funcionária, desrespeitando as normas da instituição.

A Secretaria do BID comunicou aos governadores do banco que devem propor candidatos nos próximos 45 dias. O presidente da instituição é eleito pela Assembleia de Governadores, formada por 48 países-membros. Para ser eleito, o candidato deve obter a maioria dos votos, mas o poder varia de acordo com o número de ações de cada país membro no capital ordinário do BID. O candidato vencedor também deve ter o apoio de pelo menos 15 dos 28 países regionais. O mandato é de cinco anos, com possibilidade de uma reeleição.

Nenhum membro do governo brasileiro fala sobre o assunto. Mas, durante o período de investigação do BID, Carone teria pedido apoio ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que não o teria atendido. A relação dos dois não era de proximidade há muito tempo.

O governo Bolsonaro sempre quis indicar um nome para presidir o BID e tinha a expectativa de que conseguiria o cargo. O presidente Jair Bolsonaro fez um acordo com o então presidente dos Estados Unidos Donald Trump, de que abriria mão de comandar o BID (apesar da avaliação de que teria chances de ganhar o cargo) pelo apoio à entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e com o compromisso de que selecionaria nomes brasileiros para compor a direção do banco.

Carone foi o escolhido para a presidência do BID, sendo o primeiro norte-americano a ocupar o cargo em 61 anos da instituição. Apesar do acordo, decidiu compor sua equipe sem nenhum brasileiro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.