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A deputada estadual Mabel Canto (PSC) chorou ontem durante a sessão remota da Assembleia Legislativa, ao relatar uma discussão com o líder do governo na Casa, deputado Hussein Bakri (PSD), por causa de um projeto de sua autoria, vetado pelo Executivo. O projeto previa prioridade para o atendimento de mulheres vítimas de violência que necessitassem de cirurgias plásticas reparadoras. Mabel Canto – que é filha do ex-deputado estadual e apresentador de TV da Rede Massa, Jocelito Canto – alegou que na discussão, questionou Bakri por ter apoiado a aprovação de projetos semelhantes de outros parlamentares. E que chegou a acusar o líder governista de “hipocrisia” por isso.

Demissão
Bakri, segundo a deputada, teria respondido que “hipócrita” seria ela, que “fingia” fazer oposição ao governo, enquanto o pai trabalhava na Rede Massa, de propriedade da família do governador. “Nunca me fingi de oposição. Entrei na base porque também pedi voto para o governador. Nunca deixei de apontar o que eu achava de errado”, disse Mabel Canto. Segundo a deputada, em razão da discussão, Jocelito Canto teria pedido demissão da Rede Massa. “Hoje ele entregou a sua desvinculação da Rede Massa. Comunicou a diretoria de que não vai mais ser apresentador da Tribuna da Massa. Não vai admitir que o meu trabalho como parlamentar seja vinculado ao trabalho dele”, relatou.

Desculpas
“O que eu quis dizer que era uma hipocrisia era uma situação. Não me referi diretamente ou pessoalmente ao deputado Hussein. Não tenho o menor problema em pedir desculpas”, afirmou a parlamentar. “Vossa Excelência me chamou de mentiroso”, respondeu Bakri, afirmando que fez de tudo para que o projeto fosse aprovado pelo governo. “Se naquele momento eu falei alguma coisa, desculpa. Eu sou ser humano. Respeito a questão profissional de seu pai, sua família. É uma decisão que não cabe a mim”, alegou.

Panos quentes
O líder do governo na Câmara, deputado federal paranaense Ricardo Barros (PP) minimizou ontem a fala do presidente Jair Bolsonaro, que ameaçou agredir um repórter, e afirmou que o episódio não deverá influenciar o relacionamento do presidente com os parlamentares da Câmara. “Conhecemos Bolsonaro há 28 anos, ele sempre foi assim e não vai mudar”, disse Barros. No domingo, Bolsonaro disse ter “vontade de encher de porrada” a boca de um repórter do jornal O Globo, em frente à Catedral Metropolitana de Brasília, após o jornalista questioná-lo sobre os repasses de R$ 89 mil do ex-assessor Fabrício Queiroz para sua esposa, Michelle Bolsonaro.

Bobagem
Segundo Barros, a fala de Bolsonaro não foi uma ameaça. “Ele falou que ‘gostaria de’ e não ‘vou fazer’. É um pensamento que ele externou que certamente não precisaria ter externado”, defendeu o parlamentar. De acordo com Barros, “agora todas as entidades se manifestam, o que é uma bobagem. Uma tentativa de fazer o mosquito virar um elefante. O Brasil não precisa disso, precisa de andar e prosperar”.

Transmissões
Em União da Vitória (região Sudeste), o Ministério Público do Paranáexpediu recomendação administrativa para que a Câmara Municipal da cidade volte a transmitir as sessões via rádio, televisão e internet. O MPPR sustenta o pedido na Constituição e na Lei de Acesso à Informação), com o objetivo de “assegurar o direito fundamental ao acesso à informação por parte da população”.

Fiscalização
Desde 16 de março, dentro das medidas de isolamento pela pandemia do coronavírus, o acesso presencial na casa legislativa está suspenso, mas as sessões seguiam em meio virtual, transmitidas ao público via rádio, televisão e internet. A partir de 10 de agosto, porém, por força de resolução interna, a Câmara suspendeu a transmissão ao vivo das reuniões ordinárias, extraordinárias, especiais e solenes. A Promotoria busca com a recomendação a retomada imediata do serviço, visto que “o conhecimento das atividades legislativas municipais por parte da população do Município de União da Vitória é condição essencial para o exercício efetivo da democracia participativa”. Além disso, com a proximidade do período eleitoral, o acesso às sessões é fundamental para a fiscalização de eventuais ilegalidades relacionadas às eleições (propaganda indevida, entre outras questões).