“Não conseguimos dar conta dos riscos que temos hoje e aqui estamos nós acrescentando uma nova pilha de riscos.” Foi assim que o especialista em segurança na internet norte-americano, Jeff Moss, definiu o problema da vulnerabilidade de um mundo onde cada vez mais objetos podem se ligar à internet. Com uma indústria e mercado empolgados em conectar cada vez mais dispositivos — que hoje vão de escovas de dente a automóveis de luxo —, como fica a segurança do usuário, que pode ser atingido por hackers mal-intencionados e criminosos em um número crescente de aparelhos? Para especialistas muitas empresas não estão fazendo a lição de casa nesse sentido.

Os recentes casos de carros que tiveram seu movimento interrompido por hackers voltaram a chamar a atenção para potenciais vulnerabilidades da chamada internet das coisas.
A declaração de Moss no início desta matéria foi parte de uma resposta a um repórter que queria saber sobre o quanto a relação do seu trabalho com a internet das coisas. Moss observou que os riscos são os mesmos em segmentos como carros conectados, automação do lar ou sistemas de controle de acesso. “Tudo está acontecendo tão rapidamente que nós vamos ter que limpar a bagunça depois. É uma pena que quando chegamos em uma nova áreanão temos boas práticas estabelecidas. O que move o mercado é ‘depois pensamos nisso’”.

“Internet das coisas” é um dos termos e conceitos quentes da indústria da tecnologia nos últimos anos. Trata-se de habilitar para conexão à internet objetos de todo tipo, que passam a receber comandos e mandar dados através da rede. Na internet das coisas, a comunicação não é apenas entre dispositivo e usuário, mas principalmente entre dispositivos. Tem que ser assim para que, por exemplo, seu carro avise seu aquecedor que você está chegando em casa ou sua geladeira encomende mais leite quando o estoque estiver baixo.
“Há ansiedade para se conectar tudo à rede”, diz Demi Getschko, conselheiro do Comitê Gestor da Internet. “Muitas vezes sem rever processos de segurança, que podiam ser suficientes em ambiente fechado, mas são vulneráveis na internet.” Em geral, usuários são mais displicentes com a segurança de seus dispositivos móveis do que são com seus PCs. Pela mesma linha de raciocínio, o quão atentos serão com sua TV ou ar-condicionado conectado?