Como não poderia deixar de ser em um anime-encontro, o Shinobi teve como uma de suas principais atrações o concurso e desfile de Cosplay – abreviação decostume play, que pode se traduzir por representação de personagem a caráter . O termo foi criado pelo jornalista japonês Noboyuki Takahashi, quando realizava uma reportagem nos Estados Unidos em 1984.

O termo e a moda – inventada em 1939, quando Forrest J. Ackerman na companhia de Myrtle R. Douglas usaram pela primeira vez uma fantasia durante a primeira Worldcon – conquistariam o Brasil a partir da década de 1990. Antigamente, apenas a extinta TV Manchete passava os animes, como os clássicos Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball. Foi com o advento da internet que os animes e os Cosplays conquistaram os brasileiros.

Antes era muito difícil a gente conseguir um episódio de animê. Tinha de pegar da TV e sempre foi uma coisa escassa. Tinha também aquilo: um amigo ia para os Estados Unidos, trazia uma fita cassete e a gente copiava, chamava os amigos e todo mundo assistia, lembra Rogerio Ramos. Depois, quando veio a internet, era lindo de ver. A gente conseguia acompanhar as séries. Em 2003 eu já assistia Naruto. Demorava a madrugada inteira para baixar e o vídeo tinha qualidade horrível, péssima, com microlegendas. Mas depois surgiram os fãs subs, que são o pessoal que sabem japonês e conseguiam fazer a tradução, a legenda, e com isso começou a popularização da cultura pop japonesa, relata.

Com a paixão pelos desenhos crescendo, veio também a vontade de se tornar o herói idolatrado, que é no que consiste o Cosplay: as pessoas não apenas se vestem como seus personagens preferidos, mas vivem, se tornam estes personagens.

Uma das fãs deste universo é a estudante de Design Gráfico da UTFPR, Geovana Holaten, de 20 anos. A universitária participa desde 2009 do Shinobi Spirit, mesma época em que começou a fazer Cosplays. Hoje, a jovem acumula a experiência de ter vivido mais de 15 personagens diferentes e ter confeccionado ela própria todas as fantasias.

Eu me sinto como o personagem, pelo menos quando estou no evento. E o legal é que, como o pessoal conhece (a personagem), acaba interagindo como se eu fosse, de fato, o personagem, aponta a jovem, que aponta como positivo dos Cosplays as amizades e o conhecimento adquirido para se produzir as roupas.

Se para Geovana o Cosplay já pode ser considerado uma paixão antiga, para Danillo Gimenez, 18 anos, é um mundo que começou a ser descoberto no Shinobi deste fima semana. Vestido como Slender Man – um monstro que se veste com um terno preto e uma gravata vermelha e rouba crianças – o jovem foi do medo de aparecer em público à animação de realizar um desejo que já durava mais de dois anos. O meu próximo Cosplay quero fazer de League of Legends, afirma o jovem, que veio de Ponta Grossa para Curitiba em uma van para participar do Shinobi.

Para aqueles que querem se aventurar nesse mundo onde a linha entre o imaginário e o real é tênue, Geovana dá a dica: Se é para gastar dinheiro, faça algo que você gosta, não apenas algo para aparecer. E sempre tente você mesmo fazer as coisas, que no final fica algo mais com a sua cara, diz a Otaku, que nunca gasta mais que R$ 300 para fazer as fantasias.