Luiz Henrique Mendes virou sucesso nas redes sociais após postar fotos sobre seu trabalho. O motivo? Ele é diarista, ou seja, limpa, lava, esfrega, faz almoço e todo tipo de serviço doméstico em Curitiba e Região Metropolitana.

Aos 31 anos, ele já foi cozinheiro e segurança, trabalhou em grandes eventos, além de já ter sido proprietário de restaurante. Já tive meu próprio negócio, mas não deu certo. E antes eu ajudava a minha mãe fazer aqui na chácara (onde mora) pão caseiro, macarrão caseiro e farofa temperada pra vender.

Diante da necessidade financeira, do desemprego e das qualidades como dono de casa, que aprendeu ainda criança como a mãe, ele decidiu, há quatro meses, abraçar a ocupação de diarista. Aprendi a limpar e cozinhar muito cedo com minha mãe na chácara. Sempre fui prendado. Mendes já tem quatro clientes fixos e vários esporádicos. Eu estava desempregado e minha ex-mulher deu ideia, porque gosto muito de fazer esses serviços domésticos. Resolvi fazer meu primeiro anúncio e deu super certo, conta ele. Estou muito feliz com meu trabalho e pretendo continuar nesta área por muito tempo. Me sinto realizado, sabe?.

Mendes admite que o fato de ele ser homem gera algumas desconfianças da clientela, além de já ter sido vítima de preconceito por pessoas que acham que a limpeza é serviço exclusivo de mulheres. Eu não ligo. Os meus clientes estão satisfeitos e isso é o que interessa. As mulheres que me contratam se espantam com a eficiência, diz ele.

Cristiane Padilha, proprietária da empresa Damas da Limpeza, diz que já teve mais homens diaristas no seu quadro de trabalhadores. Hoje, são apenas quatro. O preconceito é muito grande contra os diaristas homens de todos os lados. Às vezes a família pressiona para que ele desista e muitas vezes as clientes não querem um homem limpando suas casas, diz ela. Na opinião de Cristiane, é preciso quebrar essa barreira.

Ronaldo Range Cruz, coordenador do curso de Recursos Humanos da Opet, acredita que a tendência é que a questão de gênero no trabalho seja desmistificada. Há várias mudanças que as pessoas viam com desconfiança e hoje são normais, como mulheres dirigindo táxis e ônibus, mulheres na área da construção civil. Há toda uma força cultural das mídias para a derrubada desta distinção de gênero nas mais diversas áreas, no trabalho, na cultura, nas artes, explica ele. Um exemplo, segundo Cruz, é a gastronomia, onde a maioria dos chefs é  homem, apesar da tradição nos lares ser de as mulheres cozinharem.

O coordenador lembra que cada vez o mundo do trabalho se desfaz dos preconceitos de gênero, corpo, tatuagens, cabelo, estilo: O importente é que o trabalhador produza e bem. Na opinião de Cruz, diante da realidade de mercado brasileiro,  casos como o do diarista Mendes sejam cada vez mais comuns. Diante da dificuldade de arrumar empregos formais, a tendência é que as pessoas busquem ocupações de acordo com suas aptidões. Essa opção tende a trazer mais felicidade para indivíduo.