A diarreia crônica é caracterizada pela redução na consistência das fezes, que podem ser amolecidas a líquidas, associada a um aumento do número de evacuações por mais de quatro semanas. Além do desconforto físico, também compromete a qualidade de vida, já que se torna um incômodo no dia a dia.
Segundo o Matheus Freitas Cardoso de Azevedo, gastroenterologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, a diarreia crônica apresenta várias causas, como a síndrome do intestino irritável, intolerância à lactose, doença celíaca e diverticulite. “Elas podem acontecer em qualquer idade, sendo que algumas são mais comuns em fases específicas. A doença celíaca e síndrome do intestino irritável com adultos jovens, e a diverticulite, costuma atingir pessoas com mais de 50 anos”, explica.
O diagnóstico para a causa da diarreia crônica deve ser realizado pela consulta detalhada, analisando a rotina e histórico, além de exames complementares para direcionar o tratamento específico.

Saiba mais sobre cada uma: 

1) Intolerância à lactose
O que é: a incapacidade de digestão da lactose – açúcar encontrado principalmente no leite e produtos lácteos – causada pela ausência da enzima responsável por esta função. Atinge cerca de 70% da população mundial.
Sintomas: dor e/ou distensão abdominal, diarreia, gases e náuseas. Em muitos casos pode ocorrer somente desconforto, sem diarreia.
Tratamento: dieta sem produtos com lactose na composição e suplementação da enzima lactase, encontrada em forma de pastilhas, em pó, comprimidos ou cápsulas, que deve ser adicionada aos produtos lácteos ou ingerida via oral antes da ingestão, possibilitando a digestão. “É importante colocar na dieta outros alimentos ricos em cálcio para suprir as necessidades do organismo”, ressalta o especialista.
2) Intolerância ao glúten
O glúten é um complexo proteico presente no trigo, centeio e cevada comum em alimentos como pães, massas e bolos. As principais doenças relacionadas à ingestão de glúten são doença celíaca e hipersensibilidade ao glúten.
O que é doença celíaca: doença autoimune que afeta o intestino delgado, desencadeada após a ingestão de alimentos que contêm glúten, dificultando a absorção de nutrientes, vitaminas, sais minerais e água.
Sintomas: dor abdominal, diarreia, gases, fraqueza, perda de peso, diminuição do apetite, lesões de pele, anemia, deficiência de ferro e atraso de crescimento em crianças.
Tratamento: dieta sem glúten por toda a vida. É o único tratamento efetivo, pelo risco de complicações como anemia, déficit de crescimento, osteoporose e até câncer do intestino delgado.
3) Hipersensibilidade ao glúten:
O que é: reação intestinal logo após a ingestão de alimentos com glúten e que some com a retirada do alimento.
Sintomas: dor abdominal, diarreia, gases e náuseas.
O especialista reforça que não é possível diferenciar as doenças pelos sintomas, pois são muito parecido

4) Síndrome do Intestino Irritável
O que é: doença que causa desordem intestinal, mais comum dos 15 aos 45 anos, principalmente em mulheres. De acordo com o gastroenterologista, pode ser gerada por vários fatores, muitas vezes associada a problemas psicológicos como ansiedade, depressão, fibromialgia, enxaqueca e distúrbios do sono.
Sintomas: dor abdominal, alteração do hábito intestinal com episódios de diarreia ou constipação, gases, sensação de urgência intestinal principalmente após as refeições.
Tratamento: medicamentos antiespasmódicos para controle da dor abdominal, laxativos para constipação, e medicamentos obstipantes, para controle da diarreia. Os antidepressivos também podem ser utilizados, pois apresentam ação no controle da dor abdominal e ajudam no hábito intestinal, além de tratar possíveis doenças psicológicas.
5) Diverticulite
O que é: inflamação dos divertículos, que são pequenas saculações ou “sacos” na parede do intestino grosso. É causada pela obstrução do divertículo por fezes ou restos de alimentos não digeridos e dieta pobre em fibras (legumes, verduras e frutas), que leva ao aumento da movimentação do intestino para eliminar o bolo fecal – histórico de prisão de ventre.
Sintomas: geralmente sem sintomas, mas em alguns casos, pode acontecer forte dor abdominal e diarreia. Segundo o Dr. Alexander de Sá Rolim, cirurgião do aparelho digestivo e proctologista especialista em doença inflamatória intestinal da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, a diverticulite pode ser leve ou grave com necessidade de internação e cirurgia. “Normalmente, a entrada no pronto-socorro é com queixa de dor abdominal, e muitas vezes, já necessita de internação”, explica.
Tratamento: inclusão de fibras e água na dieta, e em casos mais graves, internação para controle da infecção abdominal e até cirurgia.