SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As já atrasadas obras do monotrilho da linha 15-prata do Metrô, na zona leste de São Paulo, estão paradas. Isso porque a empresa contratada para fazer o acabamento e a instalação hidráulica de quatro estações abandonou o canteiro de obras.

Nas quatro estações ainda em construção, a empresa Azevedo Travassos deixou para trás materiais como argamassas, pisos de granito e estruturas metálicas. Até um carro, um caminhão com um pequeno guindaste e banheiros químicos foram abandonados pela empresa.

O governo paulista já aplicou três multas à empresa, que somam R$ 1,6 milhão, e admite que ela “reduziu drasticamente o efetivo nas obras” nas últimas três semanas.

Esse monotrilho está em construção desde 2011 e deveria ter sido entregue, da Vila Prudente até São Mateus, em 2014. Outro trecho, até o bairro de Cidade Tiradentes, está com a construção suspensa.

Só para chegar até o bairro de Iguatemi, no meio do caminho até Cidade Tiradentes, a obra custa R$ 5,2 bilhões.

E até hoje apenas duas estações, numa distância de 2,2 km, funcionam devidamente.

Outras quatro foram inauguradas às pressas em abril pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB) antes de sua entrada na campanha à Presidência da República, mas nenhuma funciona em horário comercial. São elas: São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói e Vila União.

Além dessas estações, outras quatro estão em obras: Jardim Planalto, Sapopemba, Fazenda da Juta e São Mateus.

Há um ano, o Metrô estimava que o monotrilho chegaria a São Mateus em junho deste ano. A previsão mais atualizada é que todo o trajeto ficará pronto até o final deste ano.

Esse prazo, porém, pode ser ampliado, já que a Azevedo & Travassos está em dificuldades financeiras.

A empresa, que tem ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, viu nos últimos anos o valor de suas ações cair, seus ativos diminuírem e o seu lucro virar prejuízo (de R$ 84 milhões em 2017).

Em setembro, a empresa conseguiu junto ao Metrô a ampliação do prazo de vigência de seu contrato e de entrega das obras. A empresa pediu que a finalização das estações passasse de 20 de setembro para 20 de novembro.

Quem passa pela avenida Sapopemba, endereço das futuras estações do monotrilho, pouco consegue ter a dimensão do atraso das obras.

A estrutura está praticamente acabada. Os trabalhos agora estão concentrados na finalização das instalações elétricas, tarefa essa que cabe, por contrato, a outra empresa.

Operários da obra dizem que no interior das estações ainda há muito a ser feito: colocação de pisos, banheiros, preparação de salas operacionais e polimento de estruturas de concreto.

Pelo acabamento das estações, a empresa deveria ganhar R$ 47 milhões. Pouco mais da metade desse valor já foi paga pelo Metrô.

Mas o exemplo mais evidente do atraso da obra pela Azevedo & Travassos é o canteiro central da avenida. Isso porque, além de finalizar as quatro estações, a empresa é responsável pela construção de uma ciclovia sob a via elevada do monotrilho.

Ao longo do trecho já entregue do ramal, próximo à Vila Prudente, a ciclovia está terminada, com asfalto vermelho, pista segregada dos demais veículos e até jardim.

Porém, próximo a São Mateus, o que deveria ser uma ciclovia é hoje um monte de terra revirada e entulho.

Antigos tapumes estão destruídos, pedaços de madeira, largados, caçambas de entulho, lotadas, e o mato já toma parte do terreno.

Sacos de cimento estão expostos à ação da chuva, o que estraga o material. Centenas de blocos de concreto usados para pavimentação também estão abandonados em uma área à qual qualquer um pode ter acesso sem nenhum tipo de segurança nas imediações.

Perto da futura estação Fazenda da Juta, uma placa com o símbolo do Governo do Estado está caída e retorcida em meio ao entulho. Ela sinaliza que apenas um lote de construção da linha foi orçado em mais de R$ 151 milhões.

Só o contrato da construção da ciclovia, paisagismo e iluminação do exterior das estações vale R$ 52 milhões, dos quais 71% já foram pagos.