A preocupação mudou de foco na equipe de espada da esgrima brasileira. A comissão técnica da arma está confiante na recuperação de Ivan Schwantes, que sofreu um acidente durante o treino de terça-feira – teve o pulmão perfurado, foi operado e está internado no hospital Barra d’Or – mas teme pelo baque psicológico de Athos, irmão mais novo de Ivan, que foi quem o atingiu durante a atividade.

“Ele pode ficar com medo de tocar (no adversário). Temos que ver como ficará essa parte psicológica”, disse o técnico Oleg Fomin, responsável pelo time da espada. O russo, mestre emérito no seu país (a mais alta qualificação de um treinador na Rússia) e há quase dois anos no Brasil, diz que já viu alguns acidentes na esgrima. Lembrou de um atleta que, ao machucar um adversário, ficou quase um ano sem competir em alto nível. E até mostrou no corpo algumas marcas causada pela arma. “Essas coisas podem prejudicar o atleta mas o Athos está com muita vontade. Pode se superar.” Athos é filho de Ronaldo Schwantes, último medalhista brasileiro da esgrima, quando conquistou a medalha de bronze por equipes no Pan da Cidade do México, em 1975.

Athos, de 22 anos, não visitou o irmão ontem no hospital Barra d’Or, mas diz que Ivan, de 31, espera por um rápido retorno – ele ficou fora do último Pan porque quebrou o braço direito às vésperas dos Jogos de Santo Domingo, em 2003. “Ele está se recuperando, está animado e vai ficar bem para jogar.” O esgrimista nega, contudo, que ficará receoso de voltar à pista. Tanto que treinou nesta quarta-feira, normalmente, com atletas brasileiros e cubanos. “O que aconteceu foi um acidente de trabalho. Na hora o susto foi grande, mas agora já passou. Minha cabeça está só na competição.”

De acordo com Giocondo Cabral, chefe de equipe da esgrima, um parecer médico deve ser dado nesta quinta. Isso porque a equipe que cuida de Ivan pediu um prazo de pelo menos 72 horas para definir se o atleta tem condições de continuar na equipe pan-americana. “Não temos pressa para a recuperação dele, já que a competição começa apenas na segunda-feira.” Caso Ivan não se recupere, Fernando von Linschoten entrará na disputa individual.

CASO LAZZARINI – O esgrimista Roberto Lazzarini, de 45 anos, não desistiu de brigar na Justiça pelo direito de participar dos Jogos. O advogado do atleta, José Luiz Toloza, entrou com um pedido de reconsideração da decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que suspendeu a medida liminar obtida pelo atleta. Neste pedido, um laudo do médico Nabil Ghorayeb atesta a ineficácia do teste de cooper, classificatório para o time de esgrima.

No documento, o médico designado pelo Comitê Olímpico Brasileiro para avaliar a saúde dos atletas que estarão no Pan afirma que o teste não tem, na atualidade, embasamento científico que justifique sua aplicação. Representantes da equipe de esgrima, porém, acreditam ser muito difícil a integração de Lazzarini, líder do ranking de espada, à equipe dos Jogos.