DASSLER MARQUES
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O período em que Guilherme atuou pelo Corinthians nessa posição ainda é pequeno e indica a necessidade de uma sequência mais longa para avaliações 100% seguras. Por outro lado, o histórico do jogador, as quatro partidas na função de ‘falso 9’ e o impacto da ausência dele no último sábado, contra a Chapecoense, indicam que a comissão técnica corintiana pode ter encontrado um caminho para aquele que é, na visão de vários atletas do próprio clube, o mais talentoso de todo o elenco.
Nessa função, Guilherme atuou contra Santa Cruz, América-MG, Cruzeiro e Flamengo, sua melhor partida. Além de anotar três gols, deu três assistências para os colegas e indicou um caminho. Considerado imprescindível por Oswaldo de Oliveira, ele foi inicialmente escalado por ali a partir do comando de Fábio Carille.
Desde o começo do ano, Tite especulava a possibilidade de posicionar Guilherme como falso nove, mas recorreu apenas a Danilo para essa função em alguns momentos. Ainda assim, antes de deixar o clube, o treinador alterou o esquema tático para acomodar o atleta como meia-atacante. Ele viveu momento de destaque, criou muitas situações de gol em cinco rodadas, mas se apagou com Cristóvão Borges. Agora, na posição provavelmente ideal, pode ser o fator de desequilíbrio para ajudar o Corinthians a tentar alcançar a vaga na Copa Libertadores.
Características de Guilherme:
PERTO DA ÁREA, É DECISIVO
A capacidade de produzir situações de perigo e conclusões precisas a gol é o ponto forte de Guilherme nos últimos anos. No primeiro semestre, a iniciativa de Tite em recuar o jogador não surtiu grande efeito e diminuiu o número de participações dele ao redor da área, região onde é mais decisivo. Por ali, a comissão técnica acredita que pode aproveitar ao máximo a efetividade de Guilherme.
NO SETOR DA BOLA, DÁ SUPERIORIDADE NUMÉRICA
Sem uma referência fixa como centroavante, o Corinthians pode se aproveitar dele em várias áreas do gramado. Guilherme pode recuar à intermediária ofensiva ou se aproximar da jogada pelos dois lados. A ideia, disseminada principalmente com Messi no Barcelona, é proporcionar superioridade numérica para a equipe ao redor do campo. Por exemplo: se há dois jogadores de cada time no mesmo pedaço do campo, o falso nove aparece para dar uma opção de passe a mais para os companheiros.
ABRE ESPAÇOS PARA INFILTRAÇÕES
A consequência desse processo da superioridade numérica também é proporcionar espaço aos companheiros. Os jogadores de beirada, como Marquinhos Gabriel, Romero e Marlone, ou mesmo laterais ou meio-campistas, podem chegar na área para completar uma jogada criada por Guilherme. Foi exatamente o que Rodriguinho realizou no Maracanã, contra o Flamengo. Se o atacante mais avançado não está na posição de referência, a tendência é que espaços sejam criados.
JOGA COM INTELIGÊNCIA “ENTRE LINHAS”
Guilherme é um jogador inteligente para criar espaços e se posicionar de modo a dar opções aos companheiros. Uma possibilidade para o falso nove é deixar a posição próxima aos zagueiros rivais e circular às costas do volante. Ou seja, entre as duas linhas, de defensores e meio-campistas. Em um cenário onde há cada vez menos tempo para pensar no gramado, ele pode ter liberdade, milésimos de segundos a mais, para realizar um lance decisivo.
ESTÁ MAIS LIVRE DE MARCAR
A capacidade física de Guilherme não é equivalente à capacidade técnica. A virtude de tê-lo como falso nove é que não será preciso voltar tanto para marcar. Guilherme ajuda a pressionar quando a bola está na frente, mas a partir do meio-campo apenas auxilia a fechar as linhas de passe do rival, sem tanto desgaste.