Os deputados estaduais protagonizaram ontem mais um espetáculo de subserviência aos interesses do Executivo. Para garantir a aprovação do reajuste do piso mínimo regional a tempo do governador Roberto Requião (PMDB), que deixa o cargo na quinta-feira, sancioná-lo, os prazos de tramitação do projeto foram atropelados e o regimento ignorado. Tanto o líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), quanto o próprio presidente da Assembleia, Nelson Justus (DEM), admitiram o desrespeito ao regimento, mas alegaram pressa sob o argumento de haverem dúvidas sobre os prazos da legislação eleitoral para a votação de reajustes salariais.

Na verdade a legislação eleitoral só proíbe a concessão de aumentos salarias seis meses antes da eleição para servidores públicos. O que não inclui o piso salarial regional, que só envolve trabalhadores da iniciativa privada. Mais uma vez, porém, prevaleceu o interesse do governo, mesmo a custo do regimento interno do Legislativo, sempre utilizado como desculpa para barrar iniciativas que contrariam o Executivo.