No Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, era intensa a movimentação de feridos e familiares, em busca de notícias de pessoas que não chegaram em casa após o trabalho. Para lá, foram levadas 26 das 101 vítimas da batida entre dois trens no Ramal de Japeri. Muito assustados, os feridos liberados contaram como foram os momentos de pânico após o impacto.

“Eu estava no terceiro vagão, dormindo, quando ouvi o barulho e fui jogada no chão. Fui socorrida por um carro que passava e me trouxe ao hospital. Ainda sinto muitas dores no corpo e lembro das pessoas gritando e tentando sair do trem pelas janelas para escapar de qualquer maneira”, contou a manicure Flávia Silva da Conceição, de 26 anos.

De acordo com o sargento do Corpo de Bombeiros Riverson Miranda, que participou do atendimento às vítimas no Hospital da Posse, a maior parte dos feridos teve traumatismos leves, na região do abdômen e nas pernas. Muitos deles foram liberados após receber os primeiros socorros. Pelo menos duas pessoas com traumatismo craniano leve permaneceram internadas sob observação.

Apesar da grande mobilização de ambulâncias, muitas vítimas não esperaram pelo socorro e chegaram ao hospital em carros particulares. “Eu estava no trem, sentado. Senti a pancada e voei longe”, disse o estudante Jeferson Lima Ferreira, de 16 anos, que foi rapidamente liberado e sequer constava na lista oficial de feridos divulgada pelo hospital.

O mesmo caso foi o da operadora de telemarketing Michele Pereira da Silva, de 24 anos, que foi atendida com suspeita de fratura nas pernas. “Só senti o impacto. Quando abri os olhos, vi aquela confusão e não me lembro como consegui sair do trem. Um carro particular me trouxe com outros passageiros feridos”, contou.

Os parentes da aposentada Edite Oliveira de Souza, de 60 anos, estavam preocupados com a demora dela em chegar em casa e foram avisados por um vizinho que ela estava no Hospital da Posse. “Moramos em Japeri e ela não costuma se atrasar. Ficamos alertas e recebemos a péssima notícia de um conhecido nosso”, contou o genro de Edite, o promotor de vendas Manoel da Silva, de 38 anos

O maquinista Wellington da Rocha, de 30 anos, chegou a ser atendido no hospital da Posse, mas foi transferido para o Hospital Mario Leone, em Duque de Caxias, em estado grave, com traumatismo medular. Em estado grave, a passageira Luciana Apolinário Teixeira, de 37 anos, também foi transferida para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, na zona norte.

IML – No Instituto Médico Legal, a poucos metros do Hospital da Posse, uma equipe de assistentes sociais da prefeitura esperava pelos parentes dos mortos no acidente. Até as 21h30, as duas mulheres e os seis homens que morreram na batida não haviam sido identificados.

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, esteve no hospital e conversou com os médicos. “O trabalho de perícia começou imediatamente após o acidente, ainda não tem prazo para terminar. E qualquer afirmação sobre as causas seria leviana”, afirmou.