Gravações obtidas pela Polícia Federal comprovariam a articulação do ex-senador e ex-presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, morto em 2014, para enterrar a CPI da Petrobras em 2009. Segundo reportagem da Folha de São Paulo de ontem, a PF teria obtido um vídeo de uma câmera de segurança que flagra uma reunião entre Guerra e o ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa. Participam do encontro ainda um então executivo da empreiteira Queiroz Galvão, Ildefonso Colares Filho, e um da Galvão Engenharia, Erton Medeiros, presos na Operação Lava Jato em novembro de 2014, e soltos em 2015 por ordem do Supremo Tribunal Federal.

Controle
Em sua delação premiada, Costa disse que Guerra pediu R$ 10 milhões para enterrar a CPI e que o pagamento foi feito pela empreiteira Queiroz Galvão. Nas gravações, o tucano afirmar ter horror a CPI. Ele promete, inclusive, controlar seu colega de partido, o senador do Paraná, Alvaro Dias (PSDB), também integrante da comissão. Segundo a Folha de SP, Guerra disse na reunião que Álvaro queria mandar algumas coisas pro Ministério Público, mas que ele tentaria controlar isso.

Esquisito
Criada em julho de 2009, a CPI acabou em novembro do mesmo ano. Na época, Guerra e Alvaro deixaram a comissão antes do fim alegando que a base do governo Lula impedia qualquer investigação. Em outubro de 2014, quando vieram à tona as primeiras informações segundo as quais Paulo Roberto Costa afirmou em delação ter pago propina a Guerra para que a comissão fosse abafada, Alvaro rebateu afirmando que a oposição fez um relatório paralelo com 18 representações ao procurador-geral da República sobre irregularidades na Petrobrás, Cobrei por anos seguidos a instauração dos inquéritos. Agora, acusam uma pessoa morta de ter recebido propina. Coisa esquisita, porque ele não pode ser defender, argumentou na ocasião o tucano, negando qualquer participação em um esquema para abafar a investigação.

Leniência
A partir de julho, o Tribunal de Contas da União (TCU) iniciará o julgamento de alguns dos principais casos de desvio de recursos da Petrobras a partir das provas obtidas pela Operação Lavo Jato. Apuração preliminar do órgão de controle da administração pública federal já comprovou sobrepreço médio de 17% gerado por cartel de empresas nos contratos da estatal, o que soma prejuízo de R$ 29 bilhões entre 2004 e 2014. As informações foram reveladas pelo ministro do TCU Benjamin Zymler, na palestra de encerramento do 1º Fórum de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado do Paraná, no na semana passada.

Lava Jato
Zymler defendeu a revisão da Lei Anticorrupção cujo objetivo principal é punir empresas envolvidas em atos lesivos à administração pública. Essa lei vem servindo de base para o governo federal – por meio da Controladoria-Geral da União – firmar acordos de leniência com empresas envolvidas nos crimes de corrupção investigados pela Lava Jato. A lei deu poderes extraordinários à CGU, desconsiderando a multiplicidade de centros de controle do gasto público, afirmou o ministro.

Devolução
A Associação de Pais e Amigos do Deficiente Visual (Apadevi) de Ponta Grossa e seu presidente, Generoso Fonseca, terão que devolver de forma solidária, R$ 23.943,76 ao cofre do município. A sanção foi determinada pelo TCE em razão da existência de saldo contábil após a vigência da transferência. O valor deverá ser corrigido monetariamente e calculado após o julgamento final do caso.