O superintendente adjunto de Ciclos Econômicos e Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), Aloisio Campelo, afirmou que outubro aponta para um início do quarto trimestre sem muitas mudanças no comportamento da indústria, mas destacou como boas notícias do Índice de Confiança da Indústria (ICI) a leve aceleração do ajuste no nível dos estoques e melhora de patamar do Índice de Expectativas (IE). “O nível de confiança em termos histórico ainda é considerado baixo, mas é bom porque o Índice de Expectativa, que vinha caindo desde março, agora pelo menos aponta para cima”, explicou.

Segundo os dados divulgados nesta terça-feira, 29, pelo Ibre/FGV, o ICI caiu 0,2% em outubro ante setembro, passando de 98 pontos para 97,8 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE) avançou 0,4%, para 97,5 pontos. “Esse aumento do IE ocorre por conta da estabilização do indicador de otimismo e uma melhora do indicador de emprego previsto”, disse.

Após quatro quedas consecutivas, o indicador de emprego previsto subiu 2,2%, para 104,4 pontos. Conforme o indicador, 14,8% das empresas pretendem ampliar o número de empregados enquanto 10,4% preveem redução de quadros. “Mas ainda não dá pra dizer que a indústria vai voltar a contratar fortemente”, ponderou.

Campelo destaca ainda como fator positivo o fato de o resultado final ter sido melhor do que a prévia. “Houve uma mudança expressiva nos últimos dias. Acrescentamos dados e o cenário foi melhor”, explicou. A prévia apontava para queda de 0,9% do ICI, que caiu 0,2%. Já o IE que tinha uma queda esperada de 0,6% subiu 0,4%.

O economista diz ainda que a tendência da produção física da indústria é seguir a mesma linha da confiança e deve ficar negativa em relação ao ano passado. “Entramos no quarto trimestre e a indústria continua com o desempenho baixo”, ponderou. Segundo ele, não é possível dizer que esse desempenho ruim pode impactar na produção do final de ano, “pois os dados são todos com ajuste sazonal”.

Estoques

Campelo afirmou que os dados mostram que de um modo geral a situação de acúmulo de estoques começou a mostrar alívio. “É uma variável que muda pouco, porém temos mais segmentos caminhando no sentido favorável”, disse. “O indicador vinha apresentando alta desde maio. Foi o primeiro desempenho favorável em cinco meses”, afirmou. Em maio, o indicador estava em 101,5 pontos e subiu até 107,7 em setembro.

Em outubro, dos cinco segmentos superestocados, três conseguiram sair desta situação: celulose, matérias plásticas e vestuário. “Por outro lado, o setor têxtil passou a ter estoque excessivo”, ponderou.