O cientista político do Insper, Carlos Melo, disse nesta sexta, 24, que o presidente Jair Bolsonaro é hoje um líder disfuncional que age contra os interesses daqueles que o elegeram. Melo fala neste instante em uma transmissão ao vivo organizada pela XP Investimentos que trata dos impactos da saída do ex-juiz Sérgio Moro do comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Para Mello e demais participantes da transmissão, Bolsonaro perde muito do apoio das pessoas que nele votaram por serem elas “lavajatistas” antes de serem “bolsonaristas”. Ou seja, com sua saída, Moro leva com ele todo o capital político que emprestava ao presidente da República.

Melo lembro que os problemas do governo Bolsonaro são gerados por ele mesmo e não pela Lava Jato ou pela oposição. O presidente da República, de acordo com o cientista político, está caminhando pra ficar sozinho. “Daqui a pouco ele vai gritar ‘não me deixem só'”, disse Melo em referência à histórica frase proferida pelo ex-presidente Fernando Collor quando viu que estava isolado politicamente e prestes a enfrentar o processo de impeachment.

Bolsonaro até tentou se aproximar do Centrão, disseram os participantes da live, mas de acordo com Melo, é preciso ter em mente que o Centrão hoje é muito diferente do que já foi. “Do Centrão atual tem que se descontar o DEM e parte do PSDB. É preciso contabilizar se o Centrão que restará a Bolsonaro vai ter mais que os 171 votos necessários para barrar o processo de impeachment”, avaliou Melo. Por outro lado, de acordo com Melo, os militares nutrem muito respeito pelo ministro que acabou de se desligar do governo.