A Prefeitura de Itu, no interior paulista, começou hoje (24) uma campanha inédita de vacinação contra quatro tipos do vírus do papiloma humano, conhecido como HPV, e responsável por 80% dos casos de câncer do colo do útero. A meta é imunizar 1,3 mil meninas, nascidas em 1999. Serão aplicadas três doses do medicamento, com uma segunda etapa em primeiro de outubro e a terceira seis meses depois.

De acordo com o secretário municipal da saúde de Itu, Marco Aurélio Bastos, que é médico infectologista, essa campanha está prevista em lei municipal, aprovada neste mês e custará aos cofres municipais em tono de R$ 500 mil. Ele explicou que o medicamento só é eficaz para mulheres que nunca tiveram relações sexuais e por isso a escolha da faixa etária, meninas com idade de 11 anos, embora as autoridades públicas indiquem a faixa entre 10 e 25 anos.

Apesar de a vacina não fazer parte do calendário de vacinação determinado pelo Ministério da Saúde, Bastos defende o uso da vacina que previne contra quatro tipos de vírus HPV (16,18,31 e 45), responsáveis por 80% dos casos de câncer do colo do útero. Ele informou que a vacina tem aceitação nos Estados Unidos e na Europa.

Bastos concorda com as recomendações do Ministério da Saúde de que devem ser mantidos os exames preventivos, mesmo para quem recebeu a vacina. Mas observa que só 10% das mulheres fazem, regularmente, o papanicolau, justificando a importância da vacinação.

De acordo com o Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), aids e Hepatites Virais do ministério, a vacina contra HPV não é aplicada em larga escala, porque estudos atuais constataram eficácia da imunização por um período de sete anos, considerado um prazo pequeno para a adoção de uma política pública. Outro argumento é o alto custo da dose e o fato de existirem vários tipos de HPV.

Atualmente, existem mais de 100 tipos de HPV. Alguns deles podem causar câncer no colo do útero e do ânus. Um comitê, formado por representantes de diversas instituições de saúde, avalia, periodicamente, se é recomendado incorporar a vacina contra o HPV no Sistema Único de Saúde (SUS).

As duas vacinas existentes no mundo têm registro no Brasil e podem ser encontradas em clínicas particulares. O SUS dispõe de exames para o diagnóstico da doença e tratamento.

Na mulher, o HPV causa verrugas na vagina, ânus e colo do útero. A pessoa pode contrair o vírus sem apresentar sintomas. Não se sabe o que leva ao aparecimento das lesões. A principal forma de transmissão do HPV é pela relação sexual. Se a verruga estiver visível, maior o risco de contágio. O ministério recomenda o uso da camisinha para impedir a infecção e que as mulheres façam regularmente os exames ginecológicos preventivos. O HPV pode também ser transmitido para o bebê durante o parto.