Leprevost (União): Experiência (Franklin de Freitas)

O deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil) concorda com o vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), que em entrevista ao Bem Paraná, defendeu a formação de uma frente ampla dos partidos da base do governador Ratinho Júnior (PSD) para o lançamento de um candidato único à prefeitura da Capital. Mas considera que ele seria o melhor nome para assumir essa missão e evitar o risco de que o comando da cidade cai na mão do que chama de “aventureiros”.

Para Leprevost, Eduardo Pimentel – que já se coloca como pré-candidato com o apoio de Ratinho Jr e do prefeito Rafael Greca (PSD) – ainda é muito jovem, e pode abrir mão de suas pretensões em favor da união do grupo governista. Para isso, o deputado contabiliza a experiência de quem chegou em 2016 ao segundo turno contra Greca, fazendo mais de 400 mil votos, além de ter sido secretário de Estado da Justiça, Trabalho e Família do primeiro mandato de Ratinho Jr.

A conversa com o deputado Leprevost foi gravada no Estúdio do Bem Paraná e integra uma série de entrevistas especiais do jornal com os pré-candidatos a prefeito de Curitiba. Ela pode ser assistida também na íntegra no site Bem Paraná, bem como nas principais plataformas de podcasts, como Spotify, Amazon Music e Google Podcast, e também em vídeo, no You Tube.

ENTREVISTA BEM PARANA COM NEY LEPREVOST (Franklin de Freitas)


Bem Paraná Em 2013 nós entrevistamos o arquiteto Manoel Coelho que foi um dos parceiros do Jaime Lerner na na modernização urbanística de Curitiba desde os anos 70. Na época ele disse que Curitiba estava estagnada do ponto de vista do planejamento urbano, por que os governantes não faziam mais planejamentos de longo prazo e acabavam pensando apenas na próxima eleição. O senhor concorda?
Ney Leprevost

De certa forma sim. Eu acredito que Curitiba precisa recuperar a capacidade criativa, a capacidade de inovar, de ousar. O prefeito Rafael Greca foi muito feliz na parte de zeladoria da cidade. Nós não podemos negar que pelo menos a região do anel central de Curitiba está bonita, está melhor do que estava na gestão anterior. Infelizmente isso não se repete muito nos bairros mais distantes do anel central. Mas nós temos que voltar e a ter a coragem de ousar. A ter aquela ousadia que só o Jaime Lerner tinha
BP – Em 2016 o senhor foi candidato a prefeito de Curitiba e chegou ao segundo turno fazendo mais de 400 mil votos. Naturalmente as pessoas o veem hoje também com um potencial pré-candidato para as eleições do ano que vem. Como é que o senhor está vendo o cenário para essa disputa e como o senhor se insere nele?
Leprevost
Eu devo tudo que tenho a Curitiba. Ser candidato ou nãoé uma questão que vai depender muito mais das pessoas do que de mim. Tenho vontade de ser. E eu tenho certeza de que se os curitibanos me escolherem como seu prefeito eu serei um excelente prefeito. Mas os curitibanos precisam desejar que eu seja prefeito. A candidatura tem que vir das bases, dos bairros, da população e por isso mesmo nos meses de setembro, outubro e novembro desse ano eu vou fazer reuniões não para falar, mas pra ouvir as pessoas nas dez regionais de Curitiba. Eu vou ouvir as pessoas.

ESTRATÉGIA
‘Não podemos entregar Curitiba a aventureiro’


Bem Paraná – O vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel falou em entrevista ao Bem Paraná que defende a formação de uma frente ampla dos partidos da base aliada do governador Ratinho Júnior para eleição do ano que vem aqui na capital. O que o senhor acha dessa ideia?
Leprevost –
Eu também defendo uma frente ampla. Eu acho que o Eduardo Pimentel – ele é mais jovem do que eu – pode dar uma demonstração de humildade, permanecer no governo onde ele está colaborando com muita dedicação com o governador. Ele é um nome que nós temos pro futuro. Eu tenho um respeito especial pelo Eduardo. Então pelo carinho que eu tenho pela família Slaviero, que é uma família de gente amiga minha, eleitores meus, eu espero que o Eduardo, no momento certo, perceba que nós não podemos entregar Curitiba na mão de um aventureiro. E se tem um candidato que tem condições de enfrentar qualquer aventureiro cara a cara, nos debates, na campanha. Que está já amadurecido politicamente pra isso e também já com maturidade para ser firme como prefeito. Eu acredito que o Eduardo, por amor a Curitiba, pode não abrir mão do seu sonho de ser prefeito, mas pode vir a somar conosco. Inclusive, dentro do partido dele que é o PSD, existem pessoas que poderiam estar minha chapa, na condição de vice. Por exemplo, a ex-secretária de saúde, a Márcia Huçulak, foi muito bem votada pra deputada estadual. Poderia ser uma vice representando o PSD. Um outro nome dentro do PSD que poderia ser vice é o Luiz Fernando Jamur. E eu acho que a gente tem de buscar uma aliança com o PSD do governador Ratinho Júnior. Eu acredito que haverá um momento de despertar do amor por Curitiba, em que eles perceberão de que a pessoa que pode salvar a cidade de cair na mão de aventureiros sou eu.

BP – O fato do governador e também do prefeito terem declarado apoio à pré-candidatura do Eduardo Pimentel afeta esse projeto do senhor?
Leprevost –
De modo algum. Nesse momento cada partido vai colocando seus pré-candidatos. O governador e o prefeito são do PSD. E o nome que eles colocaram no momento pelo PSD é o do Eduardo Pimentel. Assim como pode ser que amanhã ou depois se o Eduardo não decolar nas pesquisas, eles coloquem outro nome. Por exemplo, dentro daquela ideia que falei de administrar a cidade com uma parte da equipe do governador Ratinho Júnior junto conosco. O secretário José Carlos Ortega, que é o chefe da Casa Civil, não sei se ele aceitaria isso. Talvez já esteja em uma estatura política maior. Mas poderia ser um excelente candidato a vice-prefeito compondo chapa comigo. E isso garantiria ao governador que a administração seria conjunta, que nós estaríamos trabalhando juntos. Eu tenho muita sintonia com o governador Ratinho Júnior. Nós nos entendemos pelo olhar e eu nunca coloquei o governador em fria.

POLARIZAÇÃO
‘Aos poucos, as máscaras dos papagaios de rede social vão caindo’

Bem Paraná – Na eventualidade dos partidos terem seus candidatos próprios, não ter um acordo pra uma chapa única, isso pode dividir o eleitorado de vocês?
Ney Leprevost
Eu acho que não. Eu acho que aí cada partido lança o seu candidato e tem que existir um pré-acordo de que aquele que for para o 2º turno terá o apoio dos demais. Hoje eu estou em primeiro lugar em todas as pesquisas. Mas se houver uma campanha e o governador Ratinho Júnior tiver três ou quatro candidatos, nós podemos fazer uma composição de que aqueles que ficarem fora do 2º turno apoiem o que for. Eu entendo que a próxima eleição é de dois turnos aqui em Curitiba. Eu acho quase impossível que a esquerda não coloque um candidato no 2º turno. E por mais que Curitiba seja uma cidade que tem um eleitorado majoritariamente de centro ou de centro-direita, é bem provável que com a força da máquina do governo federal, um candidato de esquerda esteja no 2º turno.

BP – O senhor é visto como um político de centro. E as forças políticas de centro no Brasil nas últimas duas eleições gerais perderam espaço significativamente diante da polarização entre a esquerda. Como o senhor acha que o centro pode retomar o protagonismo?
Leprevost
Eu acredito que vai ser natural. Acredito que as pessoas tão cansadas. A última eleição presidencial foi vergonhosa. E fake news predominaram tanto feitas por um lado, como pelo outro, de forma assustadora. Não podemos esquecer que na eleição de prefeito que eu disputei aqui o segundo turno contra o Rafael Greca e fui vencido pelo melhor orador da política nacional. Eu considero Rafael Greca um dos políticos de melhor oratória do Brasil. Eu fui vítima das fake news. Eu entendo que hoje todo mundo tem que ter a sua página no Facebook, todo político, no Instagram, TikTok, eu tenho também. Mas eu não posso viver em função disso. Viver em função de likes. Eu espero que as pessoas acordem. Saiam da bolha. Voltem pra vida real e votem em quem elas conhecem. Em quem elas pelo menos uma vez na vida já olharam no olho já apertaram a mão, já ouviram explicando um assunto, fazendo uma palestra. Já leram algum projeto de lei. Que essa pessoa tenha feito já tem um conhecimento, andou no seu bairro. A rede social existe pro lazer. A pessoa que se informa só por rede social ela está pedindo pra ser uma desinformada. As pessoas estão também cansadas e vão aos poucos percebendo que as máscaras dos papagaios de rede social vão caindo.