Estudo do Hospital da USP observou que de 400 gatos atendidos, 13% estavam infectados com o vírus da Leucemia e a mortalidade nos animais doentes pode atingir até 100% em dois anos.

Pouco conhecida dos proprietários, a Leucemia Felina (FeLV) é uma doença que não tem cura e ataca o sistema imunológico do animal, facilitando a ocorrência e manifestação de outras enfermidades. Além de altamente letal, outro fator de complicação é que os animais infectados, eventualmente, apresentam sintomas muito discretos. Artigos publicados na Revista Animals (publicação bimestral da Massachusetts Society for the Prevention of Cruelty to Animals) dão conta de que em populações infectadas apenas 44% dos animais, em média, têm manifestações clínicas evidentes da enfermidade. Essa particularidade dificulta o diagnóstico e, conseqüentemente, o tratamento, facilitando a disseminação da leucemia felina.

Altamente contagiosa, a leucemia é transmitida por vírus. Apesar da denominação ela nem sempre provoca tumores ou manifestações comuns ao câncer. Nos felinos, os sintomas mais freqüentes são anemia, perda de peso, secreção nasal e ocular, diarréia crônica, imunodeficiência, leucemia e linfoma. Os filhotes são mais suscetíveis ao contágio por conta de seu sistema imune ainda imaturo.

Contágio

Segundo o Professor da Faculdade de Medicina Veterinária da USP, Archivaldo Reche Jr., a transmissão se dá por meio do contato entre um gato infectado e um outro com sistema imune pré-disposto. “Gatos que saem à rua e podem entrar em contato com outros gatos, assim como os gatos que vivem em abrigos ou gatis, são os principais candidatos a se infectarem, já que o vírus pode ser eliminado pela saliva, urina e fezes”, afirma.

Após o contato com o vírus, alguns animais conseguem responder naturalmente à infecção com a formação de anticorpos, não desenvolvendo a doença. Outros se tornam portadores assintomáticos, representando uma importante fonte de infecção, pois eliminam o vírus. Dos gatos infectados que adoecem, “o índice de mortalidade pode chegar a 100% em dois anos”, relata Reche. É bom lembrar que o contágio não é restrito aos animais com sociabilidade freqüente. Contatos isolados também são capazes de promover a infecção. Além disso, é comum que o contágio aconteça por meio de um novo felino inserido no ambiente. Caso típico é o do animal criado em apartamento, que ganha “um companheiro”.