Rangum, 04 (AE-AP) – A junta militar que governa Mianmar acusou hoje governos estrangeiros de tentarem destruir o país. Enquanto isso, continuam vindo à tona relatos de soldados agindo na calada da noite para prender suspeitos de participação nos protestos iniciados em agosto no país asiático.

Os soldados mantinham nesta quinta-feira uma presença visível nas ruas de Rangum, a maior cidade de Mianmar. Um clima de estranha calma prevalece na antiga capital birmanesa desde a repressão aos protestos, no fim de setembro.

Com o acesso à internet bloqueado, os jornais controlados pelo Estado divulgavam a versão da junta sobre a crise e enchiam as páginas com slogans de propaganda como: “Somos a favor da estabilidade. Somos a favor da paz” e “Somos contra agitação e violência”.

Críticas vindas da comunidade internacional e da imprensa estrangeira eram qualificadas como a ação de “mentirosos tentando destruir a nação” pelo jornal “A Nova Luz de Mianmar”.

Apesar de a propaganda governamental ser rotineira em Mianmar, a retomada das acusações a estrangeiros é vista como uma forma de a junta mostrar à população que a situação está sob controle.

Um agente humanitário estrangeiro disse, sob condição de anonimato, que cerca de 8.000 pessoas foram detidas nos últimos dias em Rangum durante operações promovidas pelo Exército. Não foi possível checar a informação junto a fontes independentes.