Rangum, 26 (AE-AP) – Forças de segurança efetuaram disparos de alerta e lançaram bombas de gás lacrimogêneo na direção de manifestantes reunidos em Rangum nesta quarta-feira.

Monges budistas foram presos e levados em caminhões militares. Trata-se do primeiro caso de detenção em massa desde o início dos protestos contra a junta militar de Mianmá, há cerca de um mês.

Uma rádio dissidente baseada na Noruega, a Voz Democrática da Birmânia, informou que um monge budista morreu e diversos outros ficaram feridos nos choques ocorridos no centro de Rangum. Não foi possível confirmar a morte junto a outras fontes. Birmânia era o nome de Mianmá na época da colonização britânica do país.

Ao todo, cerca de 300 monges e ativistas foram detidos em Rangum por desobediência às ordens do governo para que não protestassem segundo um grupo dissidente no exílio. Jornalistas disseram ter visto muitos monges em trajes avermelhados sendo colocados em caminhões e levados pelas forças de segurança.

Ontem, a junta militar de Mianmá anunciou um toque de recolher das 21h às 5h locais, a proibição de reuniões de mais de cinco pessoas e colocou as forças de segurança nas ruas das maiores cidades do país, Rangum e Mandalay, para tentar acabar com os maiores protestos em quase 20 anos.

O toque de recolher e a proibição de reuniões foram anunciados por meio de alto-falantes em veículos que circularam tarde da noite de ontem pelas ruas das duas cidades.

Mesmo assim, cerca de 10.000 pessoas, segundo estimativas de observadores, desafiaram hoje a proibição e saíram às ruas de Rangum, a maior cidade de Mianmá. As manifestantes de ontem e de anteontem reuniram dezenas de milhares de pessoas.

Os monges, que assumiram nos últimos dias a liderança dos protestos contra a junta, exigem que o governo peça desculpas por ter maltratado monges em uma manifestação ocorrida recentemente no norte do país.

Nas semanas que antecederam a adesão dos monges, a população local vinha protestando em menor escala por causa do aumento do preço dos combustíveis em um dos países mais pobres de Ásia.

O governo de Mianmá vinha sendo cauteloso ao lidar com a atual onda de protestos, aparentemente por considerar que atitudes vistas como abusivas ou desrespeitosas com relação aos monges provocarão revolta entre cidadãos comuns numa sociedade predominantemente budista e devota.