Policiais da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (Dedec) prenderam, na manhã de ontem, 16 pessoas acusadas de integrar uma quadrilha que desviou, em 2005, pelo menos R$ 30 milhões em arrecadações conseguidas através de duas organizações não-governamentais (ONGs) de apoio a pessoas com câncer. A Operação Pharmako cumpriu ao todo 31 mandados de busca e apreensão e 16 de prisão simultaneamente em cidades de quatro estados — Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Até o fim da manhã, a polícia havia apreendido R$ 600 mil em dinheiro, R$ 200 mil em cheques e mais de 20 veículos novos como Mercedes-Benz, Vectra, Renault Mégane, Fiat Marea, caminhonete S10, Ford Focus, Fiat Idea, todos modelo 2005/2006, que podem ter sido adquiridos com o dinheiro arrecadado pelas ONGs. Vasta documentação também foi apreendida.
 
O homem apontado como líder da quadrilha é o jornalista Arnaldo Braz, preso na capital paulista, ontem. Ele é o gerente do Grupo de Apoio a Pessoas com Câncer (GAPC) e da Associação Brasileira de Assistência a Pessoas com Câncer (Abrapec), que seriam as ONGs usadas para arrecadar ilegalmente o dinheiro desviado. A polícia estima que mais de dois terços da arrecadação era desviada.
“A polícia do Paraná passou a investigar as organizações há mais de um mês. Recebemos denúncias de ex-funcionários que perceberam que praticamente toda a arrecadação não era destinada às doentes de câncer”, disse o secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari.

No Paraná, a operação foi deflagrada em Curitiba com o cumprimento de quatro mandados de busca e quatro de prisão, em Ponta Grossa foram dois de busca e um de prisão, em Londrina os policiais cumpriram dois mandados de busca e um de prisão, em Foz do Iguaçu foram dois de busca e um de prisão e em Maringá cumpriram outros seis mandados de busca e dois de prisão.
Em Santa Catarina, os policiais cumpriram dois mandados de busca e um de prisão em Joinville. No Rio Grande do Sul, na cidade de Porto Alegre foram dois de busca e um de prisão e em São Leopoldo os policiais cumpriram um mandado de busca e outro de prisão. Na cidade de São Paulo, foram cumpridos seis mandados de busca e dois de prisão e em São José dos Campos (SP) foram quatro de busca e dois de prisão.

Porém, o esquema pode envolver mais de 50 filiais das ONGs em todo o Brasil, incluindo outros estados, como Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Paraíba e Brasília. “Nosso objetivo foi acabar com o cerne da organização, porque o restante não sobrevive sem isso. Contamos agora com a colaboração do poder público desses estados, para que fiscalizem a ação destas ongs”, complementou o delegado da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas da Polícia Civil do Paraná, Marcus Vinícius Michelotto, responsável pelas investigações.