A crise econômica que o país atravessa é cheia de desafios não só para as famílias, que enfrentam o aumento dos preços, o endividamento e o desemprego. As empresas também sofrem com a diminuição da demanda, o atraso nos pagamentos e a inadimplência dos clientes, além dos custos elevados e a inadimplência.

Na intenção de amenizar os danos e diminuir seus custos, muitas empresas passam a oferecer aos seus colaboradores o Plano de Demissão Voluntária (PDV).

O PDV consiste em oferecer aos funcionários uma série de incentivos sobre as verbas rescisórias para evitar o doloroso processo da demissão sem justa causa.

O PDV costuma ser composto por um valor fixo e outro correspondente a determinados meses de salário, mais pagamentos proporcionais aos anos de trabalho na empresa, cobertura do plano médico ao funcionário e sua família por um período após o desligamento e assessoria para recolocação.

Para muitos empregados, essa pode ser uma oportunidade interessante. Mas antes de aderir, o educador financeiro Silvio Bianchi, diretor da Unidade DSOP de São José dos Campos, lista uma série de pontos a serem considerados pelo trabalhador.

Entre eles está o de decidir com a família sobre a adesão ou não. Até porque, uma vez sem o emprego, o trabalhador irá precisar contar com o apoio e envolvimento de toda a família até conseguir se recolocar no mercado, como empregado ou empregador.


Considerações a fazer antes de aderir o PDV da firma

1) Reflita sobre a vontade de continuar na empresa e, mais importante, se a empresa pretende continuar a oferecer a vaga. Este é o momento para a pessoa fazer uma boa autoavaliação do desempenho pessoal e das suas possibilidades de progredir dentro da empresa. É importante considerar a possibilidade de que, passado o período do PDV, outras demissões sejam feitas.

2) Conheça seus números. Aceitar o PDV pode ser uma boa oportunidade financeira, mas sem conhecer a própria realidade, esta ação pode se tornar um tiro no pé. Portanto, conheça os ganhos líquidos da família, todas as despesas que têm (incluindo os centavos) e informações sobre suas dívidas (se tiver): o valor mensal das parcelas e por quanto tempo deverá pagar.

3) Observe se tem uma reserva emergencial. É muito importante criar, durante os anos de trabalho, uma reserva para situações emergenciais, como o desemprego. O ideal é dispor de um valor que cubra 18 meses de despesas básicas. Portanto, observe se há uma reserva, pois após aceitar o PDV, a situação será de desemprego.

4) Decida junto à sua família. A família deve estar ciente da situação e participar da decisão final. Nessa fase, eles darão apoio e farão parte do processo. É importante ter o controle das despesas durante o período de desemprego que também passará por eles. Estabelecer um sonho coletivo pode ser uma excelente forma de envolver a família no processo de redução de despesas.

5) Planeje antes de pagar as dívidas. Muitas pessoas pretendem aproveitar as verbas do PDV para pagar as dívidas. Antes, é muito importante que a pessoa conheça a própria realidade financeira e saiba se existem reservas suficientes para que se sustente até se recolocar no mercado de trabalho. Do contrário, poderá usar o valor para se livrar das dívidas e acabar tendo que entrar em novas para se sustentar. A prioridade, nesta fase, é planejar o futuro com cautela.

6) Busque reduzir as despesas.Conhecendo os números, fica mais fácil identificar desperdícios e despesas supérfluas. Na maioria dos orçamentos há entre 20% e 30% de desperdício – despesas que, se eliminadas, não diminuirão sua qualidade de vida. As despesas supérfluas, entretanto, agregam um pouco de conforto. Porém em situação de desemprego, elas também podem ser reduzidas ou eliminadas. Muitas vezes podem ser substituídas por outras com custo menor ou zero.

7) Passe a pensar antes de comprar. A fase de reajuste nas finanças e desemprego pode ser uma boa oportunidade para que a família se eduque financeiramente e reflita antes de comprar, passando a avaliar se o produto ou serviço é realmente necessário, ou seja, se a compra está sendo feita para suprir uma necessidade básica ou se é influenciada pela propaganda, baixa autoestima ou por outras pessoas.

8) Não faça dívidas. O funcionário que adere ao PDV costuma receber variadas ofertas de crédito, às vezes muito tentadoras, para lhe ajudar a passar por essa situação temporária. Mas a dica é clara: fique longe do cheque especial, crediário ou qualquer outra forma de crédito fácil, incluindo parcelamento no cartão de crédito e pagamento mínimo da fatura. Até conseguir um novo emprego, evite ao máximo entrar em novas dívidas. Com o tempo, essa cautela com as finanças se tornará um hábito saudável de ser cultivado

9) Pense na recolocação. Quem estiver pensando em iniciar um empreendimento com o valor do PDV, é importante que faça antes um plano de negócios, para conhecer os investimentos necessários, os custos envolvidos na produção dos bens ou serviços e o capital de giro. É importante ter em mente que um novo empreendimento vai demorar para gerar o lucro necessário para sustentar uma família e, porntanto, tenha em mente que o PDV não foi criado para esse propósito, e sim para garantir o sustento do trabalhador e da família até uma nova recolocação no mercado.