SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois de ser esnobada num leilão em Nova York em novembro do ano passado, a tela de Jackson Pollock que pertencia ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro acaba de ser vendida a um colecionador na mesma cidade.


A Phillips, casa de leilões responsável pela venda, confirmou a transação, mas não revela o valor acordado nem a identidade do comprador. Pessoas próximas às negociações, no entanto, afirmam que “Número 16”, trabalho realizado na fase áurea do artista em 1950, foi vendido por US$ 13 milhões, cerca de R$ 47,6 milhões, bem abaixo dos US$ 25 milhões almejados no início.


Segundo o MAM, que também não confirma o preço pago, a exigência feita à Phillips é que a obra tivesse valor próximo de similares de Pollock, algo entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões em média.


Este é o fim um tanto chocho de uma polêmica negociação que se arrasta há meses.


Quando anunciaram, no ano passado, que venderiam a única obra do mestre do expressionismo abstrato americano numa coleção latino-americana, diretores do MAM disseram não ter outra alternativa para sanar as contas da instituição que ia mal das pernas.


Sua estratégia seria depositar o valor num fundo e usar seus rendimentos para bancar a operação do museu, um caso raro em que uma instituição se desfaz de uma das joias de seu acervo na tentativa de manter as portas abertas.


Desde e então, o MAM vem sendo bombardeado por críticos que lamentam a perda de uma obra única na região. E o Pollock, presente do magnata americano Nelson Rockefeller para a instituição carioca, volta, pelo menos a princípio, para os Estados Unidos.


Mas nada garante que seu novo dono vá manter a peça em Manhattan. O temor de especialistas do mercado, aliás, é que a tela tenha acabado nas mãos de um marchand que pode voltar a ofertar o quadro numa feira por mais do que o valor pago ao MAM.


Diante da confirmação da venda, Paulo Vieira, conselheiro do MAM, disse que a venda do quadro, mesmo por um valor aquém do esperado, é “suficiente para fazer frente a passivos e contingências”.


Entre as pedras no sapato do museu, estão contas em aberto e a necessidade de reformas emergenciais na reserva técnica e sistemas de segurança. Vieira diz que a venda do Pollock “não vai quitar as dívidas do museu, mas vai ser um lastro, uma garantia”.