MÁRCIO FALCÃO, AGUIRRE TALENTO, GABRIEL MASCARENHAS E RUBENS VALENTE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado relatou, em sua delação premiada na Operação Lava Jato, que participou da captação de recursos ilícitos para bancar a eleição do hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG) à presidência da Câmara dos Deputados, no ano de 2001.
Aécio já é investigado em dois inquéritos abertos a partir da delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS).
Segundo Machado, ficou acertado entre ele, Aécio e Teotônio Vilela Filho, à época presidente nacional do PSDB, que fossem levantados recursos financeiros para ajudar cerca de 50 deputados a se elegerem, o que viabilizaria o apoio à eleição de Aécio ao comando da Câmara. Esse recurso foi solicitado à campanha nacional de Fernando Henrique Cardoso, que se reelegeu presidente em 1998.
Foram arrecadados cerca de R$ 7 milhões à época, de acordo com Sérgio Machado, dentre recursos que vieram de empresas e também do exterior.
Sérgio Machado à época era do PSDB, ainda antes de mudar para o PMDB.
Machado afirma que parte dos recursos vieram da campanha de FHC, por intermédio de “Luiz Carlos Mendonça”, mas não especifica se era Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro das Comunicações de FHC.
Ele diz que Luiz Carlos Mendonça assumiu a função de cuidar dos recursos depois da morte do ex-ministro das Comunicações Sérgio Motta, que negociava com os candidatos o apoio financeiro.
“Esses recursos ilícitos foram entregues em várias parcelas em espécie, por pessoas indicadas por Mendonça; que os recursos foram entregues aos próprios candidatos ou a seus interlocutores; que a maior parcela dos cerca de R$ 7 milhões de reais arrecadados à época foi destinada ao então deputado Aécio Neves, que recebeu R$ 1 milhão em dinheiro”, detalhou Machado.
Segundo ele, Aécio recebia os valores “através de um amigo de Brasília que o ajudava nessa logística”, mas não informou o nome da pessoa.
Sérgio Machado também corroborou outros depoimentos sobre Aécio em relação ao recebimento de propina de Furnas e disse que “parte do dinheiro para a eleição de Aécio para a Presidência da Câmara veio de Furnas”, comandada à época por Dimas Toledo.
“Todos do PSDB sabiam que Furnas prestava grande apoio ao deputado Aécio Neves via o diretor Dimas Toledo, que era apadrinhado por ele durante o governo Fernando Henrique Cardoso e Dimas Toledo contribuiu com parte dos recursos para a eleição da bancada da Câmara à época”, disse Machado, em sua delação.
Aécio tem negado o envolvimento com irregularidades, disse que nunca recebeu propina de Furnas e que sempre defendeu as investigações da Lava Jato.