O goleiro Rodolfo, do Atlético, fez um pronunciamento ontem à tarde no CT do Caju. Foram as primeiras declarações do jogador após a divulgação do doping dele, por uso de cocaína, em partida contra o CRB, em 9 de junho. Eu sou dependente químico. Faz um tempo já. Pedi ajuda para o Atlético porque eu estava precisando, declarou Rodolfo, que não respondeu perguntas e apenas fez um rápido pronunciamento à imprensa.

O Atlético está me ajudando bastante e tenho que agradecer muito, ao Moro e aos psicólogos Dionísio (Banaszewski) e Gilberto (Gaertner). Vou dar meu máximo para sair dessa situação, disse o goleiro. Vou passar um tempo num lugar para me recuperar. Essa recuperação, se Deus quiser, vai dar certo. Tenho dois filhos. Tudo que eu faço é pensando neles. Essa recuperação vai ser pensando neles, completou.

O advogado Domingos Moro, que defende o Atlético na esfera esportiva, será o responsável pelo caso do goleiro. O Rodolfo está saindo daqui agora para ser internado. Passará por uma desintoxicação. Ficará em regime fechado, revelou. Isso nunca foi feito no futebol brasileiro. Nunca um clube teve uma atuação tão pontual, específica, disse.

Moro também avisou que novos resultados de antidoping podem surgir. A partir do momento que um menino de 21 anos diz publicamente que é um dependente químico, não se surpreendam e não atirem pedra se qualquer resultado aparecer na frente. Se eventualmente aparecer uma nova notícia de uso de cocaína, não se surpreendam. Ele não é usuário, é um dependente químico de anos, afirmou.

O Atlético quer recuperá-lo como atleta, comentou o advogado. Antes de atleta, tem que ser homem. E o primeiro passo ele deu hoje. Terá a chance concreta de se recuperar. E essa recuperação será em quatro vertentes: apoio clinico, trabalho, família e ele, explicou.

Enquanto fará tratamento, Rodolfo também treinará no Atlético e será acompanhado por dois psicólogos contratados pelo clube, Gaertner e Banaszewski. O mais importante é cuidar do individuo. O resto será conseqüência, explicou Banaszewski, que é especializado em tratamento de dependentes químicos. Todo dependente, todo compulsivo, e essa é minha especialidade do dia-a-dia, passa por um vazio existencial. Para suprir isso, é importante o trabalho, a família, o afeto, comentou o psicólogo.

Rodolfo está suspenso preventivamente por 30 dias pelo STJD. O julgamento ainda não foi marcado. Provavelmente ocorrerá nas duas próximas semanas. Ele corre o risco de ser suspenso por até dois anos.