O Dia Mundial da Saúde, comemorado nesta terça-feira (07), aborda este ano a segurança alimentar, tema escolhido como forma de alertar as pessoas sobre os riscos de uma alimentação inadequada e o impacto disso na saúde e na qualidade de vida. Em Curitiba, mais da metade da população está acima do peso, conforme a versão mais recente da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), levantamento anual feito pelo Ministério da Saúde, com dados de 2013.

De acordo com a pesquisa, 52,6% da população de Curitiba apresenta índice de massa corporal (IMC) maior que 25kg/m². Ou seja, estão acima do peso ideal, com IMC igual ou superior a 25. Isso significa dizer que a pessoa está com sobrepeso ou, o que é ainda pior, está obesa – neste caso, o IMC é igual ou superior a 30 kg/m² (17,6% da população).

A prevalência da obesidade entre os curitibanos cresceu 43,1% entre 2006 e 2013 e é ligeiramente maior entre os homens (18,8%), assim como o excesso de peso (57,7% – já incluindo a população obesa). Entre as mulheres, a taxa de obesidade atinge 16,6% da população e a de sobrepeso chega a 48,3% desse público.

O diretor do Departamento de Atenção Primária à Saúde, Paulo Poli, lembra que o problema do excesso de peso vai muito além da questão estética e envolve os fatores de risco associados a ele, que acarretam problemas crônicos, como doenças cardiovasculares e diabetes. As pessoas trocaram o transporte coletivo pelo individual e deixaram de caminhar, um exercício que é natural ao ser humano. Nos momentos de lazer, as atividades ao ar livre vêm sendo substituídas pela televisão. Além disso, a alimentação também tem sido irregular, com grande consumo de produtos industrializados, contribuindo ainda mais para piorar este cenário, comenta Poli.

Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 1 bilhão de pessoas em todo o mundo apresentam excesso de peso, das quais, 300 milhões são obesos. Sobrepeso e obesidade são preocupações de saúde pública. É necessário trabalhar para estimular na população a adoção de hábitos saudáveis, destaca o diretor.

Durante muitos anos, o médico João Carlos Schneider, de 64 anos, da Unidade de Saúde Bairro Alto, engrossou as estatísticas de obesidade. Há oito anos, prestes a chegar aos 150 quilos, ele resolveu mudar esse quadro. De lá para cá, passou a cuidar da alimentação e adotou a atividade física como uma aliada da qualidade de vida. Perdeu 60 quilos e resgatou a vontade de viver. Trocou os medicamentos de uso contínuo pelos esportes. Vai e volta para o trabalho de bicicleta, em um total de mais de 20 quilômetros pedalados diariamente, faz natação quatro vezes por semana, além de ioga e corrida. Faltavam 200 gramas para chegar nos 150 quilos. Aí pensei que ia ter que começar a me pesar em balança para animais. Resolvi mudar isso e hoje vivo muito melhor, ressalta o médico, que teve como inspiração a filha, Caroline Martins Schneider, de 36 anos, que, há nove anos, perdeu metade do seu peso – hoje com 63 quilos – em um período de apenas oito meses, somente cuidando da alimentação e praticando exercícios.

O ponto de partida para a mudança na vida de Caroline foi perceber, aos 27 anos, que não tinha condições físicas de correr atrás da própria filha, que estava começando a andar. Ela pesava 126 quilos e estava sentido dificuldades até para caminhar. Resolveu procurar ajuda profissional e já no primeiro mês eliminou 18 quilos. No começo, eu não podia fazer academia porque estava muito gorda. Mas podia caminhar. Passei a fazer as coisas a pé, em vez de ir de carro. Os primeiros resultados me deram um grande ânimo, vi que estava dando certo, relembra ela, que sempre sofreu com o excesso de peso.

Caroline conta que, com o excesso de peso, sentia-se derrotada, fora da realidade e era hostilizada pelas pessoas. Você descobre que há outros prazeres na vida além de comer, enfatiza.

Pessoas interessadas em adotar um estilo de vida mais saudável podem procurar orientação nas unidades básicas de saúde, que contam com apoio de nutricionistas, profissionais de educação física e outros profissionais dos Núcleos de Apoio ao Saúde da Família (Nasfs).

Bioimpedância

Este ano, pacientes da Unidade de Saúde Ouvidor Pardinho, no Centro, participaram de um projeto experimental para avaliar as condições físicas e nutricionais utilizando aparelhos de bioimpedância (similares a balanças) e outros equipamentos, que fornecem dados como peso, índice de massa corporal, porcentual de massa magra, taxa metabólica basal, entre outras informações. O projeto, oferecido por uma empresa japonesa à Secretaria Municipal da Saúde, visa à redução do sedentarismo e a adoção de uma alimentação mais equilibrada e está sendo ampliado para toda a rede de saúde de Curitiba.