É só fazer um movimento brusco, permanecer sentado por muito tempo na mesma posição ou carregar algum objeto pesado para que as dores na coluna já apareçam. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que pelo menos 80% da população ainda passará por uma dessas situações em alguma fase da vida. Ou seja, um dia quase todos serão vítimas desse incômodo que compromete a qualidade de vida sob diversos aspectos, entre eles físicos, emocionais e até sociais. 

Segundo o neurocirurgião formado pela USP e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) Mauricio Mandel (CRM 116095), a cervicalgia e a lombalgia estão entre as principais queixas da má postura, perdendo apenas para a cefaleia. Qualquer sinal de dor nas costas merece atenção. O paciente deve saber qual é o tipo de dor que está tendo, se é cervicalgia ou lombalgia. A cervicalgia é uma dor no seguimento cervical da coluna e afeta cerca de 50% da população. Já a lombalgia, por sua vez, é a dor no seguimento lombar da coluna, explica.

Embora elas sejam muito frequentes, não representam um problema grave de saúde. Mas é preciso estar alerta aos sinais e procurar um médico para diagnosticar a causa. As dores na coluna podem ser intermitentes ou contínuas. Conforme o caso, as dores na parte alta das costas ou do pescoço podem irradiar para os braços e para as mãos e as da parte baixa das costas podem passar para as pernas e para os pés, afirma o neurocirurgião. 

A sua dor é aguda ou crônica?

Dependendo da dor, a lombalgia e cervicalgia podem ser diagnosticadas como aguda ou crônica. O neurocirurgião Mauricio Mandel revela como identificar o quadro das dores: A dor cervical aguda caracteriza-se pelo brusco surgimento de uma dor no pescoço que, por vezes, irradia para a nuca, para os ombros ou para a parte anterior do tórax, diz o médico. Geralmente, a dor é intensa e costuma aumentar de intensidade perante a realização de qualquer movimento, sendo acompanhada por uma contractura muscular que limita a movimentação do pescoço. 

Já a dor cervical crônica trata-se de uma dor persistente, intermitente ou oscilante, que normalmente aumenta de intensidade com a realização de determinados movimentos ou com a mudança de certas posturas.

Na lombalgia a forma aguda é o famoso “mau jeito”. A dor é forte e aparece subitamente depois de um esforço físico. Já a crônica geralmente acontece entre os mais velhos, a dor não é tão intensa, porém, é quase permanente. Sinais de alerta que indicam algum tipo de gravidadeAlguns sinais que se associam às dores nas costas devem ser vistos como indicadores de problemas mais sérios. São eles:

-Incontinência intestinal ou urinária

-Fraqueza progressiva nas pernas

-Dor aguda, acompanhada de febre e/ou perda de peso

-Dor que ocorre após um trauma

-Dor em indivíduos com alto risco de fraturas

O paciente deve procurar o médico para identificar a causa da cervicalgia ou lombalgia que podem ser inúmeras. Dependendo do caso, a dor na coluna pode ser provocada por infecções urinárias e pulmonares, infarto do miocárdio, herpes zoster, tumores dos ovários e da próstata, hérnia de disco, escorregamento de vértebra, artrose (processo degenerativo de uma articulação) e até problemas emocionais, alerta Mandel. 

Identificando a dor

Em mais de 90% das vezes, o diagnóstico e a causa são estabelecidos com uma boa conversa com o paciente e com um exame físico bem feito. Em caso de dúvida, o passo seguinte é a radiografia simples. Quando algum sinal de alerta estiver presente ou se não houver melhora clínica após um mês de dor, devem ser solicitados os exames complementares, ressalta o neurocirurgião. 

Nesses casos deve-se recorrer aos exames complementares como ressonância magnética, tomografia computadorizada, exames laboratoriais e eletroneuromiografia. 

Tratamento

Cervicalgias e lombalgias podem ser tratadas por meio de analgésicos, aplicações de bolsas térmicas geladas ou de água quente nas regiões doloridas, medicações, injeções e exercícios físicos. A maioria dos problemas de dor nas costas pode ser resolvida com a mudança de atitude como dormir em colchão duro ou sentar-se, preferencialmente, em cadeiras de encosto reto. Além disso, caminhar com as costas retas e mantendo o peito ligeiramente elevado, contribui para uma melhoria da postura física e da própria aparência pessoal, aconselha o neurocirurgião Mauricio Mandel.