Livro de Arte
Temos que reconhecer que, ao contrário de anos atrás quando poucos livros de arte eram lançados, hoje em dia há uma razoável quantidade deles.
Isso acontece graças a Lei Federal de Incentivo à Cultura, relacionada ao Ministério da Cultura que julga, seleciona e aprova os patrocínios disponibilizados por firmas e entidades, mediante classes de isenção fiscal ou da escolha predeterminada do investimento direcionado às áreas culturais. Como exemplo, o percentual de 6% do IRPF para pessoas físicas e 4% de IRPJ para pessoas jurídicas, ainda que relativamente pequeno possibilitou investimentos de mais de 1 bilhão em cultura, em 2008, segundo o próprio MinC.
 É interessante notar que pouca gente se lembra, mas a Lei nº 8.313 de 23 de dezembro de 1991, foi assinada por Fernando Collor e Jarbas Passarinho. E, em pesquisa na Net não encontrei nem o nome completo de Rouanet. Coisas da História…
Entretanto, antes desta lei, eram raros os artistas que conseguiam obter os meios para levar adiante um projeto, fosse de uma exposição ou de um folder. Os então poucos patrocínios – conseguidos a duras penas mediante longas conversações com particulares e firmas – finalmente rendiam ao artista uma publicação que mostrasse um pouco da qualidade estético-artística de sua arte. 
Este panorama mudou completamente e agora há a possibilidade do artista conseguir um livro que demonstre verdadeiramente sua arte.
Das publicações mais recentes, destaco o livro Maria Tomaselli da Tiburi & Chui, São Paulo, 2009, 274 pg. de autoria de Márcia Tiburi e Denise Mattar, realizado sob a alçada da Lei do Incentivo, e que vem acompanhado de um DVD.
Uma das grandes artistas radicadas no Brasil, Maria Tomaselli nasceu em Innsbruck, na Áustria, em 1941. Sua infância e adolescência foram passadas naquele local pitoresco, ponto de atração no inverno para os esquiadores. Aos 15 anos, optou pela educação artística e em 1960 passa a estudar Filosofia na universidade, além de freqüentar o atelier do pintor e desenhista Carl Heinrich Walter Kuhn (1895-1970). No ano seguinte, conhece o intelectual rio-grandense Carlos Roberto Velho Cirne-Lima que era professor de Filosofia em Viena e viera esquiar em Innsbruck. Ele a presenteou com uma linda caixa de pintura com tintas Schmincke, ela pintou o retrato de sua mãe e nunca mais parou suas atividades artísticas.

Em 1965, forma-se em Filosofia na Leopold Frantzens Universität, se casa com Carlos em Viena e no ano seguinte já a vemos morando no Brasil e estudando xilogravura e litografia com Danúbio Gonçalves no Atelier Livre de Porto Alegre RS. Faz sua primeira exposição em 1967 com texto de apresentação de Érico Veríssimo. Mais um ano, e a vemos estudando com Iberê Camargo. Mais um pouco e, devido à cassação de seu marido Cirne-Lima, vemos o casal residindo em São Paulo, onde Maria estuda no Núcleo de Gravadores daquela cidade e na Escola de Arte Brasil.
Aí começa realmente sua carreira artística e ela recebe, em 1972, o Prêmio Revelação em desenho e gravura no Salão Paulista, além de realizar sua primeira individual na Sala Goeldi no Rio de Janeiro. Descoberta sua arte, Maria logo participa da 12ª Bienal de São Paulo, do 30º Salão Paranaense e do Salão Nacional do Rio de Janeiro sempre recebendo prêmios.
No ano seguinte, muda-se para o Rio de Janeiro; mais tarde voltou a viver na Europa, na cidade de Frankfurt, Alemanha. É por volta de 1978, quando realiza o cartaz para o Nervo Ótico nº 9, que começa a desenvolver uma arte indiática focalizada em artefatos indígenas, dando destaque às formas arredondadas das ocas – denominação das casas dos índios brasileiros. Este formato icônico passa a integrar sua estética e a acompanhar sua produção artística – como a da Oca-Maloca que guardava esconderijos e segredos e foi realizada em 1989 – até 1990, quando ela elaborou a Oca de Todos Nós, sem esquecer da Oca-Hannover. Sobre a premiadíssima Maria Tomaselli: sua obra abrange a trajetória dos vencedores e aqui foi dada somente uma introdução à sua arte magnífica. É também co-fundadora da Oficina Guaianases/Olinda, do MAM-Atelier de Gravura/Porto Alegre e do jornal Então, além de colaboradora do jornal Zero Hora, como cronista cultural.