SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Um homem dançando de salto alto parece não ser algo político. Mas quando isso acontece aqui, acaba sendo”, diz o ator Bruno Lopes, 27 anos.
O “aqui” de Lopes é o Grajaú, zona sul de São Paulo, onde ele promove de sexta (6) a 28 de março a primeira edição do festival Periferia Trans.
Com shows, palestras, oficinas, espetáculos de teatro e dança, o evento promove a cultura LGBT em espaços culturais do bairro paulistano.
“A gente percebe que até para poder ser homossexual precisa ir para o centro”, comenta. “Por exemplo, as travestis não saem arrumadas daqui, têm que se montar na casa de um amigo do centro.”
Lopes diz sentir que a afirmação da homossexualidade é “mais complicada” na periferia diante de “ideias conservadoras, sobretudo religiosas, que são muito mais arraigadas”.
“Ser homossexual no Grajaú, em Pirituba, na Cidade Tiradentes é muito mais complexo do que na Vila Madalena”, conta.
Da programação, ele destaca os shows da rapper MC Luana Hansen na sexta (6), às 20h, e de Shanawara, que encerra o festival no dia 28.
Ele diz ainda não saber responder o que é ser homossexual na periferia, e espera que as reflexões incentivadas pelo Periferia Trans possam não só indicar respostas, mas unir a comunidade.
“Acho que os homossexuais daqui talvez pensem que não estamos unidos. Estamos todos pulverizados, precisamos de ações como essas”, afirma Lopes.
O evento foi financiado por R$ 40 mil captados por meio do Proac (Programa de Ação Cultural), do Estado de São Paulo.
A ideia é transformar o Periferia Trans em evento semestral -caso consigam financiamento, preveem uma próxima edição para setembro de 2015.

PERIFERIA TRANS
QUANDO de sex. (6) a 28/3
ONDE Terminal Grajaú, Espaço Cultural Humbalada – av. Grande São Paulo, 282, Grajaú e outros endereços
QUANTO grátis, mais informações em www.periferiatrans.tumblr.com