Futebol… aquele inventado na Inglaterra. Aquele que Charles Miller trouxe de lá ensinou aos seus companheiros de São Paulo Railway em 1894. Um ano mais tarde o futebol começou oficialmente no país, disseminando rapidamente adeptos por todos os cantos. Uma reunião de funcionários virou uma paixão mundial. Uma bola, duas traves, 22 jogadores em campo. Quem marcar mais gols que o adversário vence. Número igual de placar, empate. Simples… mágico. Sem graça… fantástico. fácil… complexo, tudo ao mesmo tempo.  

Passatempo que virou um grande negócio. Hoje, além da inacreditável Liga Indiana, o futebol entrou nos Estados Unidos na década de 70 com Pelé no Cosmos demorou, mas hoje a MLS lota os estádios na terra do Futebol Americano, Beisebol e Basquete. Tornou milionário um menino: Só o valor a multa rescisória para tirar Neymar do Barcelona é de 600 milhões de Reais, desenhando o imaginário de qualquer garoto do interior do Brasil a abandonar os estudos para sonhar encurtar o caminho entre o trabalho e o sucesso e criar também milhares de frustrações.

O salário médio anual do brasileiro é de 22 mil reais. Levando em conta o salário anual de mais de 27 milhões de Euros de Neymar no Barcelona, ele ganha o valor anual médio do brasileiro a cada 7 minutos. O brasileiro médio levaria mais de 1.500 anos para ganhar esse valor. Estou assistindo Atlético de Madrid 0x0 Real Madrid na Liga dos Campeões da Europa, focando as atenções no melhor jogador do mundo Cristiano Ronaldo, que fatura 350 mil Euros por semana para jogar bola, um ser humano endeusado por si próprio que tem estátuas modeladas do seu corpo, sendo uma delas no seu próprio museu em Portugal, bancado por ele mesmo, no mais esquisito exemplo narcisista, quando o seu cabeleireiro particular vai com freqüência para pentear os cabelos da estátua.

No nosso quintal, tem tanto para arrumar, daquele futebol bagunçado pela política, desorganizado por natureza, enfrentou a reunificada, reorganizada e impecável Alemanha e tomou de 7×1 em sua própria Copa, como o simples resultado do quem planta colhe, reflexo do péssimo futebol, com dirigentes que mais lembram o Odorico Paraguaçu, no jeitinho para construir estádios, mobilidade urbana de araque, tal como o prefeito de Sucupira queria inaugurar o cemitério, criando mortos que não existiam, no futebol da lástima de Campeonatos Estaduais que se arrastam, torneios que fazem um time Gaúcho da Primeira Divisão jogar contra um time de Brasília que mal tem estádio e não joga nem mesmo a Série D, mas sedia a partida no Mané Garrincha, remodelado a preço de elefante branco na desculpa esfarrapada do esporte democrático, do esporte bretão brazuca, do juiz que é sempre ladrão e mete a mão para eles, dos atrasos de salários, de times que contratam ex-craques sem dinheiro, pagando em prestações a perder de vista em processos trabalhistas, dos presidentes caricatos, das torcidas desorganizadas que se auto-intitulam facções, tal qual organizações criminosas, entoando gritos de guerra, das batalhas que tomam as ruas, marginais travestidos de torcedores, de policiais que batem em Chicos e Franciscos, órfãos de pai, mãe e clube quando nas delegacias. E que encontram na justiça as brechas para continuarem em guerra. Na bola, as esperanças brasileiras há tempos estão em quem está lá na Europa e nos jogadores que viram as costas para o seu país e vão jogar bola, ganhar dinheiro e morar em países mais organizados. Simples… mágico. Sem graça… fantástico. Fácil… complexo, tudo ao mesmo tempo.